Seu retorno, porém, sem dúvida fortalece o regime chavista no curto prazo. Afinal Chávez está na Venezuela. Em um hospital, é verdade, mas em Caracas, não mais em Havana. Milhares de simpatizantes saíram às ruas para celebrar. O vice-presidente, Nicolas Maduro, que está governando o país, tem usado bem a presença de Chávez a seu favor.
Os opositores seguirão questionando qual a verdade sobre a saúde de Chávez. Certamente, com o presidente na Venezuela, farão de tudo para conseguir mais detalhes. A tendência é que uma série novas informações sejam vazadas, mas difíceis de serem confirmadas.
Passado este momento do retorno, dois cenários podem ocorrer no médio prazo. No primeiro, Chávez se recuperaria do câncer e voltaria ao poder para tentar terminar seu mandato de seis anos, completando duas décadas na Presidência. Depois desta batalha contra a doença, sua popularidade tende a aumentar. Mas, mesmo que entre em remissão, é impossível dizer, devido à falta de informações do governo, se ele conseguiria administrar a Venezuela no dia a dia. Talvez organize uma transição, similar à de Fidel Castro para Raul em Cuba.
O segundo cenário seria o da deterioração da saúde de Chávez e uma possível morte dele. Claro, em seu funeral, centenas de milhares de pessoas iriam às ruas de Caracas de uma forma similar à de Perón na Argentina. Mas, semanas depois, o regime de Chávez estaria definitivamente órfão. Maduro ou Cabello não chegam aos pés do líder venezuelano em carisma e de capacidade de controlar o regime.
Os opositores, por sua vez, já possuem um homem forte para representa-los. Henrique Capriles, que conseguiu bater de frente com Chávez nas eleições no ano passado, antes do relapso do câncer, é jovem e tende a crescer cada vez mais. O ideal, para ele, seria permanecer em compasso de espera, cobrando informações mais claras da doença do presidente, mas sem partir para o confronto.
Está claro que a oposição nunca este tão perto do poder nos últimos 14 anos como agora. Mas não podem dar um passo antes da hora.
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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009 e comentarista do programa Globo News Em Pauta, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti, Furacão Sandy, Eleições Americanas e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen.No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios