gustavochacra
10 de janeiro de 2017 | 13h21
Os Estados Unidos, no último ano da administração de Barack Obama, realizaram no mínimo 26.171 bombardeios em sete países, segundo levantamento publicado pelo Council on Foreign Relations, um dos principais think-tanks americanos. Isto equivale a mais de 70 ações de bombardeios por dia. E noto que se trata do número mínimo. Provavelmente, como lembram os responsáveis pelo estudo, este valor é bem maior.
Cada bombardeio pode incluir múltiplos lançamentos de bombas. Isto é, não foram 26.171 bombas lançadas pelos EUA. O total de bombas é muito, muito maior.
A Síria, em 2016, foi o maior alvo das ações americanas. Ao todo, os EUA realizaram 12.192 bombardeios. O foco das operações foi o ISIS, também conhecido como Grupo Estado Islâmico ou Daesh. Ocorreram operações também contra a Frente de Conquista do Levante (antiga Frente Nusrah, a Al Qaeda no Levante). As ações foram feitas sem coordenação com o regime sírio. O Iraque, por sua vez, foi alvo de 12.095 bombardeios americanos no ano passado. As ações também se focavam no ISIS. Diferentemente da Síria, houve coordenação e autorização do governo iraquiano.
Os outros países bombardeados pelos EUA no ano passado são o Afeganistão (1.337), onde o alvo é o Taleban e a Al Qaeda; a Líbia (496), onde o alvo é o ISIS, bem mais fraco no país do que na Síria e no Iraque. No Yemen (34), contra a Al Qaeda da Península Arábica (braço mais poderoso da rede terrorista); na Somália (14), contra o Al Shabab (organização terrorista ativa nesta região da África). E no Paquistão (3), contra a Al Qaeda.
Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires