Antes de prosseguir, porém, temos de deixar claro três coisas. Primeiro, os patetas que tentaram realizar o ataque são terroristas e sua ação não tem justificativa. Em segundo lugar, os islamofóbicos, por mais bobos que sejam, têm o direito de se expressar garantido pela Primeira Emenda da Constituição dos Estados Unidos. Deviam ter sido ignorados ou, no máximo, alvo de protestos pacíficos. Terceiro, a comunidade islâmica americana condenou a tentativa de ataque e disse que o terrorismo é "pior do que qualquer caricatura".
Mas, voltando ao tema, será que foi o ISIS? O grupo reivindicou, mas nenhum dos dois patetas foi treinado pela organização com sede na Síria e no Iraque. Podem ter sido "inspirados" pela organização terrorista. Neste caso, agiram provavelmente como lobos solitários.
De qualquer maneira, fica clara a incapacidade, até agora, de o ISIS realizar ataques de grandes proporções fora do Iraque e da Síria. Se compararmos a outros grupos terroristas, eles estariam na série C, ou terceira divisão. Basta voltarmos uma década ou um pouco mais na história e vermos a Al Qaeda.
A rede terrorista de Osama bin Laden derrubou o World Trade Center e atingiu o Pentágono, matando cerca de 3 mil pessoas. Explodiu coordenadamente diferentes estações do metrô de Londres. Matou dezenas de pessoas ao atacar trens na estação Atocha de Madrid. Matou centenas em uma boate em Bali.
Mesmo o Hamas, contra Israel, era mais bem sucedido em seus atentados terroristas. Seus homens-bomba mataram centenas de israelenses ao cometerem atentados contra civis em casamentos, boates, restaurantes e ônibus.
O ISIS, sem dúvida, é uma das mais repugnantes entidades terroristas do mundo, ao lado da própria Al Qaeda, do Al Shabab, do Boko Haram, entre outras. Comete atrocidades na Síria e no Iraque. Inclusive, tem levado adiante o genocídio de yazidis e de cristãos assírios. Mas, no quesito atentados terrorista no Ocidente, o grupo ainda está engatinhando.
Não duvido, no entanto, que no médio prazo o ISIS seja capaz de atentados de maiores proporções, embora dificilmente no padrão da Al Qaeda na primeira metade dos anos 2000. Especialmente quando terroristas bem treinados, e não patetas, atuem nos ataques. Os lobos solitários podem começar a ficar mais perigosos e agir em conjunto.
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires
Comentários islamofóbicos, antissemitas, anticristãos e antiárabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco são permitidos ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes. Os comentários dos leitores não refletem a opinião do jornalista
Acompanhe também meus comentários no Globo News Em Pauta, na Rádio Estadão, na TV Estadão, no Estadão Noite no tablet, no Twitter @gugachacra , no Facebook Guga Chacra (me adicionem como seguidor), no Instagram e no Google Plus.