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De Beirute a Nova York

Por que é errado dizer que Doria seria o Trump de SP?

sO jornal Washington Post comparou o candidato vencedor nas eleições para prefeito de São Paulo, João Doria, a Donald Trump. Sim, os dois são empresários e ricos. Sim, os dois tiveram programas na TV. Sim, os dois buscam usar o perfil de "não político e gestor" nas suas candidaturas. Sim, os dois se tornaram candidatos apesar da oposição de algumas lideranças de seus partidos.

Por gustavochacra
Atualização:

Mas há uma diferença fundamental. Doria, em toda a sua campanha, não adotou um discurso de ódio, xenófobo, pregando a divisão. Pode-se criticá-lo, mas o prefeito eleito tem um perfil diplomático, evitando atritos. Esta sua personalidade é antagônica à de Trump.

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Doria seria de uma centro-direita tradicional, conservadora. Defende o livre-mercado e um Estado menor e menos intervencionista. E sua candidatura está no contexto de uma prefeitura de uma cidade gigantesca do mundo emergente, onde se debate questões como mobilidade urbana.

Trump tem um viés populista, xenófobo e protecionista. Não é um conservador tradicional. Longe disso. E sua candidatura se dá dentro do contexto da maior potência de toda a história da humanidade.

Acho erradas estas comparações entre políticos dos EUA e do Brasil. Trump não é parecido com Bolsonaro, conforme já escrevi. Hillary e Dilma não têm nada em comum. O Partido Democrata não é o PT e o Republicano tampouco é o PSDB. Insisto, Lula se dava bem com George W. Bush por afinidade pessoal, não por ideologia. Bill Clinton e FHC tinham tanto uma boa relação pessoal como lideraram a Terceira Via. Obama e Dilma não possuíam química e o atual presidente americano nunca teve muito interesse pelo Brasil.

E, por último, este post não é uma análise da eleição em São Paulo. Não se trata de uma crítica nem de um elogio a Doria. Não comento sobre política brasileira. Há muita gente mais qualificada do que eu para fazer análises. Não sou do tipo que fala de tudo. Apenas não concordo com os que dizem que Doria seria o Trump do Brasil. Arrisco dizer, inclusive, que Doria, assim como Haddad e Marta, tenderia a votar em Hillary nos EUA. FHC, certamente votaria. Serra, Temer, Aécio, Marina, Dilma, Lula e Alckmin, também. Caso alguém como Mitt Romney fosse o candidato, talvez Doria votasse nos republicanos. Mas nem mesmo Romney votará em Trump.

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Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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