Donald Trump, até anos atrás, era pro-choice. Isto é, defendia o direito ao aborto.Há alguns anos, antes de ser candidato, Trump mudou de opinião e se tornou pro-life. Isto é, contra o direito ao aborto. Um direito dele. Normalmente, os democratas são pro-choice (defendem o direito ao aborto). Os republicanos, pro-life (contra o direito ao aborto).
Mas, em uma entrevista na semana passada, Trump disse defender que as mulheres que realizarem aborto sejam "punidas de alguma forma". Ao dizer isso, Trump foi condenado não apenas pelos defensores do direito ao aborto (pro-choice), mas também pelos que são contra (pro-life). Afinal, mesmo os mais árduos opositores ao direito ao aborto nos EUA defendem a punição apenas do médico (ou da pessoa) que realizar o procedimento, não da mulher, vista como vítima.
Depois das críticas, Trump voltou atrás e disse ser contra a punição da mulher. Analistas dizem que ele se atrapalhou porque, na realidade, ainda seria a favor do direito ao aborto, mas tentou fazer um discurso ultra radical para atrair os eleitores mais conservadores, assim como faz em temas como imigração, por exemplo. O problema é que ele não sabia que os pro-life americanos não querem punir as mulheres. Sua posição ultrapassou o limite.
Ao observar esta discussão, notei que, no Brasil, mulheres são consideradas criminosas se abortarem. Podem ser condenadas a de 1 a 3 anos de prisão. Não sei, honestamente, se a pena é aplicada. Mas me chamou a atenção que a legislação brasileira seria considerada radical até mesmo para os maiores opositores do direito ao aborto nos EUA.
Para completar, apenas para deixar claro, sou a favor do direito ao aborto no primeiro trimestre da gravidez. Não tenho posição formada sobre abortos depois deste período, que são permitidos nos EUA. E respeito quem é contra o direito ao aborto, embora discorde. Não domino este assunto e acho que, no fundo, cabe às mulheres decidirem. Insisto, não sou dono da razão, mas tenho direito à minha posição pessoal