Sobreviventes foram bem recebidos na Síria e no Líbano, em cidades como Aleppo e Beirute. Alguns, junto a libaneses e sírios, seguiram viagem e imigraram para o Brasil, Estados Unidos, França e Argentina, onde formaram proeminentes comunidades. Os armênios do Império Russo, por sua vez, depois de décadas como parte da União Soviética, hoje tem seu país com capital em Yerevan. O Monte Ararat, símbolo dos armênios, porém, permanece no território turco.
Apesar de ter passado um século, algumas nações, de forma deprimente e vergonhosa, se recusam a reconhecer o formalmente o Genocídio. Começando pela própria Turquia, herdeira do Império Otomano. Ao contrário de nações como a Alemanha, que reconhece ter cometido o Holocausto, o governo turco não aceita discussões e diz que os armênios morreram em decorrência da guerra, embora a história diga claramente terem sido alvos de genocídio.
Como já escrevi aqui várias vezes, os Estados Unidos, embora digam ter havido um massacre, se recusam a chamar de genocídio. Chama a atenção que o então senador e cidadão Barack Obama reconhece o genocídio, mas o presidente Barack Obama covardemente tem medo de falar esta palavra para não deteriorar as relações com a Turquia, integrante da OTAN.
Israel, terra do povo judaico, vítima do Holocausto, o maior genocídio do século 20, deveria ter sido um dos primeiros a reconhecer o genocídio, ainda mais com o histórico quadrilátero armênio em Jerusalém. Muitas entidades judaicas ao redor do mundo reconhecem. Muitos israelenses também. Mas o governo de Israel também tem medo de enfurecer a Turquia, uma tradicional aliada militar, embora hoje com um premiê claramente anti-israelense.
O Brasil também passa vergonha ao não reconhecer. Não apenas Dilma, mas também Lula, Fernando Henrique Cardoso e todos os seus antecessores. A comunidade armênia brasileira deveria ter visto este reconhecimento pelo menos no centenário. Mas também covardemente os presidentes brasileiros têm medo de bater de frente com a Turquia.
A Argentina, França e Líbano são alguns dos países que reconhecem o genocídio sem o medo de enfurecer a Turquia. Também devem ser elogiados o Papa Francisco, o presidente da Alemanha, Joachin Gauck, o Parlamento Sírio e o Estado de São Paulo, que passaram a reconhecer.
São 100 anos. Agora, qualquer reconhecimento será tardio. Ainda assim, obrigatório. Dilma, Obama, Bush, FHC, Lula, Netanyahu e tantos outros não tiveram coragem de reconhecer o Genocídio.
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires
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