No último relatório, o MSF relata que duas unidades médicas administradas pela entidade foram bombardeadas. Vinte pessoas morreram, sendo a maioria pacientes.
Os iemenitas estão envolvidos em uma sanguinária guerra civil, com o envolvimento de atores externos. São dezenas de milhares de mortos. Um dos lados é comandado pelos houthis em uma aliança com antigos membros do regime do ex-ditador Abdullah Saleh. Eles controlam a maior parte do país, incluindo a capital, Sanaa. Tem suporte do Irã, mas longe de isso ser o fator mais importante - os houthis não são fundamentais para o regime de Teerã como o Hezbollah no Líbano e na Síria.
O outro lado tem a liderança das forças leais ao presidente Abd Rabbuh Mansur Hadi, que perdeu o poder em Sanaa. A base dele é a cidade portuária de Aden, no sul. O apoio principal vem da Arábia Saudita.
Os sauditas têm levado adiante uma série de bombardeios, matando iemenitas como se fossem passarinhos. Os armamentos usados são fornecidos pelos EUA, com a aprovação do Congresso. Estes deputados e senadores americanos aprovaram lei permitindo que famílias de vítimas do 11 de Setembro processem a Arábia Saudita, mas não veem problema algum em dar armamentos para o regime de Riad usar no Yemen.
Em meio a este caos, a Al Qaeda e o ISIS, também conhecido com Grupo Estado Islâmico ou Daesh, conseguiram conquistar espaço no Yemen. Uma pena. É uma das nações mais mágicas onde já estive.
Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires