gustavochacra
04 de agosto de 2014 | 16h15
O Hezbollah é libanês e nunca se envolveu diretamente no conflito entre israelenses e palestinos. Em todos os confrontos entre o Hamas e Israel, o grupo libanês manteve distância, garantido a ordem na fronteira libanesa. Inclusive, combatendo facções palestinas com base no Líbano que chegaram a lançar foguetes contra o norte de Israel.
Por isso, esta postura do Hezbollah por si só já desmentiria a informação publicada em alguns jornais como a Folha de que o Hezbollah intervirá no conflito para defender o Hamas. Mas, além disso, há outros fatores
1. O Hezbollah rompeu com o Hamas quando o grupo palestino traiu Bashar al Assad na Síria e apoiou os rebeldes, que já mataram centenas de membros do grupo libanês. Verdade, há informações de que as Guardas Revolucionárias do Irã (não o libanês Hezbollah) teriam se reaproximado das Brigadas Qassam, braço armado do Hamas, neste ano, embora o regime de Teerã ainda esteja formalmente rompido com o grupo palestino por causa de Assad
2. O Hezbollah está mais preocupado com a Guerra da Síria do que com Israel. Não tem incentivo de abrir uma nova frente, especialmente agora com os confrontos deste fim de semana entre o Exército do Líbano e a Frente Nusrah (grupo rebelde sírio ligado à Al Qaeda) em Arsal, uma cidade libanesa na fronteira com o território sírio, na qual dezenas de pessoas morreram
3. O Hezbollah, mesmo que não houvesse a Guerra da Síria, não colocaria em risco sua aliança política com os cristãos libaneses da Frente Patriótica Nacional em um confronto com Israel no qual sairia perdedor
4. O Hezbollah apenas defende seus interesses. A Guerra em Gaza não é do seu interesse e não traria benefício algum ao grupo
5. Finalmente, mesmo se o Hezbollah quisesse, deve haver um cessar-fogo em Gaza
Obs. Você vai me perguntar sobre as declarações do xeque Nasrallah, a favor dos palestinos. Retórica pura. O Hezbollah está queimado do mundo sunita por seu apoio ao regime de Assad na Guerra da Síria e usa o apoio aos palestinos como tática de relações públicas
Obs2. O Hezbollah é grupo xiita, aliado de partidos cristãos no Líbano. O Hamas é um grupo sunita. Aliás, não existe praticamente nenhum palestino xiita
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Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires
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