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De Beirute a Nova York

Por que o mundo convive com uma Coreia do Norte nuclear, mas não com o Irã?

no twitter @gugachacra

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Por gustavochacra
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A Coréia do Norte permitirá inspeções estrangeiras em suas instalações nucleares. Apesar de ainda ser cedo para saber se dará certo, o anúncio indica que mesmo regimes supostamente loucos com armas atômicas podem ser contidos pela Teoria da Mutua Destruição Assegurada.

Afinal, no fundo, é uma bobagem dizer que um governo tem objetivos suicidas. Isso não existe. Estados agem racionalmente em defesa de seus interesses.  Por exemplo, eu acho que o Irã esteja em busca de uma arma nuclear. Serviços de inteligência europeus e israelenses também (o americano ainda não crava esta previsão).

Não me baseio em dados da Agência Internacional de Energia Atômica. Apenas na lógica. Os iranianos sabem que nenhum país com armas nucleares foi alvo de mudança de regime ou mesmo de ataque militar - a não ser pelas britânica Malvinas-Falklands em 1982, mas é uma mega exceção.

Paquistão e Coréia do Norte estão firmes. Já o Kadafi na Líbia, o Saddam no Iraque e o Taleban no Afeganistão caíram. O Irã tem fronteira com os dois últimos. Obviamente, sabe que pode ser um alvo. Como impedir? Tendo uma bomba atômica. Desta forma, ficaria com o mesmo poder de dissuação de paquistaneses e coreanos.

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E depois, destruirá Israel? Não destruirá porque será contido, assim como a Coréia do Norte, pela Teoria da Mutua Destruição Assegurada. Se o Irã atacar Israel, Teerã e todas as dez maiores cidades iranianas serão pulverizadas em uma hora pelos EUA. O objetivo iraniano é dissuação.

Agora, se eu fosse premiê de Israel ou rei saudita, também agindo de forma racional, faria de tudo para impedir o Irã de ter bomba atômica porque a balança de poder certamente se alterará a favor de Teerã.

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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