E Leia o Eixo Teerã, Eixo Riad, Eixo Tel Aviv
Os sírios residentes em Israel apoiam Bashar al Assad, segundo ótima reportagem de Rodrigo Alvarez na noite de ontem no Jornal Nacional. As imagens mostram claramente a população síria das colinas do Golã, anexadas pelo governo israelense em ato considerado ilegal pela ONU, carregando cartazes do líder sírio e entoando gritos de guerra em sua defesa.
Esta cena deixa claro que Assad desfruta de apoio na Síria e de sírios fora do país. Ao contrário do que muitos dizem, não é toda a população síria contra o regime. Parte sim defende a oposição. Outra parcela prefere a manutenção do atual líder no país. Não dá para saber qual dos dois lados seria mais popular.
Meu comentário na TV Estadão sobre a Síria
Internamente, pode-se argumentar que os sírios em Damasco e outras cidades controladas pelo governo tenham medo de expor a sua opinião. Já os residentes em áreas nas mãos dos rebeldes teriam o temor oposto. Mas os sírios do Golã vivem em uma democracia (Israel) com acesso a toda a imprensa internacional. Ainda assim, eles preferem quase na sua totalidade Assad. O mesmo ocorre com sírios e descendentes que residem nos EUA ou no Brasil com quem converso.
Não dá para ignorar esta parcela da população síria defensora de Assad. Eles representam a ampla maioria dos cristãos, dos muçulmanos alauítas dos drusos e da classe média e elite muçulmana sunita, de viés secular, das grandes cidades sírias. Entre os opositores, goste ou não os EUA, a maior parte é religiosa. Não que seja ruim ou bom, mas é um dado.
Olhem para os sírios do Golã ocupado por Israel para entender o que pensam os sírios dentro da Síria. Tentem achar a reportagem do Rodrigo Alvarez, que cobriu ao meu lado o terremoto no Haiti (eu pelo Estadão), na internet. Vale a pena.
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires