- Israel deve se retirar de todos os territórios ocupados em 1967, incluindo a Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jerusalém Oriental e as Colinas do Golã (o plano não mencionava as Fazendas de Shebaa) 2. Deve ser estabelecido um Estado palestino 3. A questão dos refugiados seria resolvida em negociações de acordo com a resolução 194 da ONU 4. Em troca, TODOS os países árabes reconheceriam Israel e o seu direito de viver em fronteiras seguras 5. TODOS os países árabes assinariam um acordo de paz e estabeleceriam relações diplomáticas com israelenses
Na verdade, a Arábia Saudita historicamente nunca adotou um tom muito forte contra Israel. As nações árabes, até o fim dos anos 1970, que estiveram na vanguarda contra os israelenses eram o Egito, Jordânia e Síria. Nas últimas décadas, após os acordos de paz assinados por egípcios e jordanianos com os israelenses, o Irã, que não é árabe, e o Hamas e o Hezbollah passaram a ser os líderes da frente anti-Israel. Acrescentaria, nos últimos anos, a Turquia de Erdogan, que tampouco é árabe.
Os sauditas sempre tiveram interesse em boas relações com os israelenses até porque compartilham de interesses geopolíticos como no caso da contenção do Irã. Também são aliados americanos e possuem um intercâmbio no campo militar extraoficial, segundo relatos. Para completar, a Arábia Saudita não possui disputa territorial com Israel.
Por que então tanta excitação no Ocidente com a declaração do atual ditador da Arábia Saudita? Fácil explicar. MBS, que é conhecido o atual líder do regime saudita, lançou uma ampla e bem sucedida campanha de propaganda para se vender como moderado e reformista, diferentemente de seus antecessores no que era antes um regime de clãs e não autocrático, como agora. Sem dúvida, ele até tem feito alguns avanços que podem tornar a Arábia Saudita um pouco menos fechada, talvez nos padrões da ditadura vizinha dos Emirados Árabes, mas bem distante de nações árabes mais livres como o Líbano e também aquém do persa Irã.
Já no campo geopolítico, Bin Salman é inconsequente. Comete crimes contra a humanidade na sua guerra no Yemen, sequestrou o premiê do Líbano e tentou alimentar, sem sucesso, um conflito de sunitas contra xiitas no Líbano, fez um boicote bizarro ao Qatar e arma grupos jihadistas ultra extremistas na Síria. De positivo, só a manutenção da já existente aproximação com Israel que aparentemente incentiva a paz com os palestinos.
Bin Salman, apesar do título de príncipe, é apenas mais um ditador (ou "monarca absolutista", como queira). De líderes democráticos no mundo árabe, apenas os do Líbano, Tunísia e Iraque.