As posições de Temer são praticamente idênticas às de Obama e da candidata Hillary Clinton. E são completamente opostas ao que defende o candidato republicano Donald Trump e membros da extrema direita nos EUA, na Europa e mesmo no Brasil. Isso pode chocar alguns na esquerda no Brasil que classificam o presidente como de extrema direita. Ao mesmo tempo, chocará alguns da extrema direita no Brasil que classificam Obama e Hillary como esquerdistas.
Temer foi multicultural e globalista em discurso na ONU, assim como Obama, a premiê alemã Angela Merkel e o prefeito de Londres Sadiq Khan. Não teve nada a ver com Marine Le Pen, Trump ou os defensores do BREXIT.
Como sempre digo, não há correlação de política dos EUA com a do Brasil. Não existe dizer que o PT seria o Partido Democrata e o PSDB, republicano. Aliás, o tucano FHC era próximo do democrata Bill Clinton. E o petista Lula tinha boa relação com o republicano George W. Bush. São contextos sociais, políticos e econômicos completamente distintos.
Para terminar, sendo muito honesto, o impacto dos discursos dos chefes de Estado na ONU é mínimo em termos internacionais. Isso vale para o de Temer, assim como para Dilma - Lula tinha mais destaque. As únicas exceções são os líderes dos EUA, Irã, Turquia, Rússia, Israel e Palestina. Mesmo China, França e Reino Unido não recebem tanto destaque.
Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires