gustavochacra
17 de fevereiro de 2016 | 15h35
Há quatro indicações de que o pré-candidato republicano Donald Trump, se eleito, se aproximará do regime de Bashar al Assad e da Rússia na Guerra da Síria.
1) Primeiro, Trump já elogiou abertamente Putin. O líder russo também gosta de Trump e os dois possuem boa relação. O pré-candidato republicano admira a política externa russa. E Putin, como sabemos, é o principal suporte de apoio de Assad na Guerra da Síria.
2) Em segundo lugar, Trump deu declarações dizendo que Saddam Hussein tinha um lado positivo pois combatia o terrorismo e era melhor o ex-ditador ter ficado no poder. De fato, como falou Trump, Saddam matava terroristas (o pré-candidato esqueceu de dizer que Saddam também matava dezenas de milhares de civis usando armas químicas em muitos casos e apoiava outros grupos terroristas). Assad, neste sentido, seria parecido com Saddam. Melhor o líder sírio, que é inimigo da Al Qaeda e do ISIS (Daesh ou Grupo Estado Islâmico), do que estes radicais no poder. Como o próprio Trump disse ao Guardian no passado, “Assad is bad. Maybe these people (opositores) could be worse.”
3) Terceiro, Trump sempre deixa claro ser contra o radicalismo islâmico (na verdade, contra o islamismo como um todo). É uma postura que se encaixa com parte da ideologia de Assad. Sim, Assad é muçulmano alauíta (uma vertente bem branda do islamismo), mas classifica seus inimigos abertamente como radicais islâmicos. E seu regime é laico, com o apoio de sunitas não religiosos, de cristãos, de drusos e dos alauítas.
4) Por último, Trump é anti-Arábia Saudita. Critica abertamente o regime saudita e deu a entender em entrevista para a Fox News que os sauditas são responsáveis pelo 11 de Setembro. Assad é um dos maiores inimigos da Arábia Saudita e classifica o regime de Riad como terrorista.
Dos pré-candidatos a presidente dos EUA, o senador Marco Rubio seria o mais anti-Assad de todos. Trump, possivelmente, seria o mais pró-Assad.
Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires
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