Mas estão errados
. Poucas cidades do mundo têm tantos descendentes no Brasil como Homs
. A maioria dos brasileiros descendentes de sírios têm antepassados nascidos em Homs ou nas vilas ao redor
. É bem mais comum um sírio-brasileiro ter origem em Homs do que em Damasco, ou mesmo Beirute
. Talvez só Zahle, no Líbano, tenha produzido mais árabes-brasileiros
. Estamos falando de quase 1 milhão de pessoas
. Na avenida Paulista, tem o Clube Homs, não o Clube Paris
. Um dos dois melhores hospitais do Brasil, ao lado do Einstein, se chama Sírio-Libanês, não Franco-Inglês (o ótimo Osvaldo Cruz é alemão).
Não se trata de competição. Eu fiquei muito chocado com os mortos nos atentados terroristas em Paris, uma das cidades que ainda sonho em morar na minha vida. Sem dúvida, Paris tem um lugar especial no coração de todos nós. Mas Homs, mesmo destruída, também merecia carinho dos brasileiros. São dezenas de atentados terroristas do ISIS e da Al Qaeda nesta cidade desde o início da Guerra da Síria. E muitos dos mortos, tenham certeza, são primos distantes de brasileiros. A diferença que seus antepassados não imigraram.
Guga Chacra, blogueiro de política internacional do Estadão e comentarista do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires