Anti-Hezbollah, secular, com experiência militar e mantendo bons contatos com membros do atual governo, Idris se encaixa perfeitamente em todos os requisitos demandados pelas nações que apoiam a oposição síria.
Mas, claro, existem graves problemas. Primeiro, seu Exército Livre da Síria é uma ficção. Tem apenas um nome bacana que parece ter sido inventado por uma empresa de PR. Em segundo lugar, facções opositoras mais poderosas militarmente, como a Frente Nusrah, ligada à Al Qaeda, o consideram irrelevante. Terceiro, seus discursos anti-Líbano, atacando não apenas o Hezbollah, como também o presidente libanês, Michel Suleiman (um cristão maronita), assustam as pessoas em Beirute. Quarto, mesmo não sendo religioso, seus discursos são sectários e fazem cristãos e alauítas, quase sempre pró-Assad, morrerem de medo caso ele chegue ao poder.
Ainda assim, os EUA e seus aliados começarão cada vez mais a tentar bancar o nome de Idris como solução para evitar a manutenção do regime e o fortalecimento da oposição cada vez mais extremista.
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires