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De Beirute a Nova York

Quer ser ditador no mundo árabe? Chame seu regime de monarquia, não de república

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Por gustavochacra
Atualização:

Hoje, véspera da celebração da Proclamação da República no Brasil, o rei Abdullah, da Jordânia, disse em entrevista para a BBC que, se fosse Bashar al Assad, líder da Síria, renunciaria ao cargo. O monarca hashemita pôde dar este conselho justamente por ser, pelo menos no nome, um rei, enquanto o sírio é oficialmente presidente, apesar de, na prática, os dois serem ditadores. Muda apenas o nome.

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Esta distinção, porém, se reflete na estabilidade de um regime na Primavera Árabe. Até agora, apenas líderes de repúblicas foram derrubados - Ben Ali, na Tunísia; Mubarak, no Egito; e Kadafi, na Líbia. Os ameaçados são Abdullah Saleh, no Yemen, e Assad, na Síria, também republicanos. Os reis, por sua vez, se escondem atrás de um título inventado para eles próprios. Abdullah finge trocar o premiê como se fosse um monarca europeu. Na realidade, quem manda no país é a sua família.

Nestas monarquias absolutistas do mundo árabe, tirando o Marrocos, não existe o menor sinal de democracia. Mulheres são tratadas como animais na Arábia Saudita. Não existe liberdade de imprensa na Jordânia, onde o rei não aceita uma vírgula de crítica ao seu regime. Os monarcas da família Al Khalifa em Bahrain exterminam a oposição.

Por este motivo, chega a dar nojo ver o rei Abdullah posando de moderado e dando conselhos a Assad. O jordaniano é um  ditador camuflado sob o nome de rei. Ele deveria dar o exemplo e abdicar do trono.

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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