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De Beirute a Nova York

Eixo Teerã, Eixo Riad e Eixo Tel Aviv

Veja também meu comentário sobre Armas Químicas na Síria no Jornal das Dez da Globo News

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Por gustavochacra
Atualização:

 O Oriente Médio hoje possui três eixos. O primeiro deles é formado por Irã-Hezbollah-Assad-Iraque (que eu chamarei de Teerã). O segundo conta com a oposição síria, oposição iraquiana e nações sunitas (que eu chamarei de Riad). O terceiro tem apenas Israel. A Guerra Civil da Síria pode ser explicada pelo triângulo formado por estes três eixos que são inimigos entre si.

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Neste fim de semana, por exemplo, Israel bombardeou armamentos iranianos que supostamente seriam transferidos para o Hezbollah via Síria. Não era, portanto, relacionado com eixo Riad. Era parte integral do confronto entre o eixo Israel e o eixo Teerã.

Meu comentário sobre a Síria na TV Estadão

O medo israelense é que, com estes armamentos, o eixo Teerã se fortaleça e, com os mísseis Fateh 110, de alcance de 300 km e combustível sólido, passe a ter a capacidade de atingir todas as principais cidades de Israel, incluindo Tel Aviv e Jerusalém, provocando enorme destruição.

Ao realizar esta ação, porém, o eixo Israel teme fortalecer o eixo Riad. Por mais irônico que pareça, o eixo Teerã, com o regime de Assad no poder, é bem mais previsível para os israelenses do que os opositores sírios. Israel há quatro décadas mantém uma estabilidade total nas colinas do Golã na Síria e já aprendeu a lidar com o Hezbollah, no Líbano. Grupos rebeldes do eixo Riad, como a Frente Al Nusrah, ligada à Al Qaeda, são imprevisíveis.

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Além dos bombardeios de Israel, tivemos mais novidades nos últimos três dias na Guerra Civil da Síria. A comissária da ONU, Carla del Ponte, acusou a oposição síria, do eixo Riad, de ter usado armas químicas. Mais tarde, a Comissão de Investigação da ONU, presidida pelo brasileiro Paulo Sérgio Pinheiro, afirmou, por outro lado, que não dá para saber quem usou o armamento.

O certo, portanto, é que não se pode para cravar que Bashar al Assad ou seus opositores tenham usado armas químicas. Não há provas ainda de que o regime de Damasco tenha ultrapassado a linha vermelha estabelecida por Barack Obama e o presidente americano, por enquanto, pode segurar a pressão para intervir.

Uma intervenção, na visão do líder americano, é extremamente arriscada. E ele tem razão. Não dá para saber como o envolvimento dos EUA estabilizaria o país. No Iraque, uma guerra causada pela intervenção americana causou entre 150 mil e 300 mil mortos (pelo menos o dobro da Síria), milhares de jovens americanos mortos e trilhões em gastos para Washington - e o conflito, dez anos depois, ainda não terminou. Por que na Síria seria diferente?

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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