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De Beirute a Nova York

Segundo a teoria dos jogos, Irã terá a capacidade de desenvolver arma nuclear

O Irã terá a capacidade de desenvolver uma bomba, mas não construirá a arma atômica por opção própria. Esta é a conclusão de Bruce Bueno de Mesquita, professor da Universidade de Nova York e maior especialista nos Estados Unidos em teoria dos jogos aplicada às relações internacionais.

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Por gustavochacra
Atualização:

Com modelos matemáticos que atribuem valores que englobam o poder e a capacidade de implementar suas vontades a cada um dos atores envolvidos, sejam pessoas, instituições e países, ele concluiu que este será o resultado do processo mais ou menos no fim do ano. Não é de se jogar fora esta previsão, já que, apenas em relação ao Irã, Bueno de Mesquita acertou que Khamanei seria o sucessor de Khomeini como líder supremo do Irã com anos de antecedência. Também antecipou a vitória de Rafsanjani e de todos os outros presidentes iranianos.

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Ele não divulga o modelo matemático que usa, já que ganha dinheiro vendendo seus serviços para empresas privadas e mesmo para a CIA, segundo revelou há algumas semanas para o New York Times. Claro, o modelo é móvel. No ano passado, Obama, como candidato democrata, era um ator importante, mas com uma pontuação inferior à atual, no cargo de presidente. O mesmo vale para Israel, pós-eleições.

O Irã teve, desde a Revolução Islâmica, o Iraque como barreira para impedir a sua influência no mundo árabe. Ao derrubaram Saddam Hussein, maior inimigo dos iranianos, os EUA prestaram um ótimo serviço para o regime islâmico de Teerã. De presente, os americanoss ainda ajudaram o Irã em outra fronteira, ao tirar o Taleban do poder no Afeganistão, outro rival do Irã.

Estes dois presentes vieram junto com uma onda de ameaças ao regime. E o Irã observou que os EUA se aliaram ao Paquistão - que tem bomba atômica - e sempre são cautelosos ao falarem da Coréia do Norte - que também tem bomba atômica. A lógica, para qualquer realista, é desenvolver uma bomba atômica, já que, desta forma, dificilmente seria atacado por Israel ou os Estados Unidos. Mais do que isso, também aumentaria o seu poder regional em relação aos vizinhos árabes. A arma não seria para destruir Israel, mesmo porque, em minutos, os americanos e os israelenses eliminariam todas as cidades do Irã com mais de cem mil habitantes em resposta a um ataque nuclear a Tel Aviv.

A teoria de Buenos de Mesquita é a de que, com a capacidade de desenvolver a arma, o Irã já teria como levar os americanos e os israelenses a pensar duas vezes antes de um ataque e, consequentemente, os iranianos se sentiriam mais seguros. Gary Sick, professor da Universidade Columbia, sempre defendeu esta "via Brasil", na qual, mesmo com a capacidade de ter a bomba, o Irã opta por não ter. Vamos aguardar para ver se Buenos de Mesquita está correto.

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