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De Beirute a Nova York

Síria vira palco de duas Guerras Frias (EUA x Rússia Irã x Arábia Saudita)

no twitter @gugachacra

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Por gustavochacra
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Sem a ONU, duas idéias paralelas passam a competir para lidar com a crise na Síria. De um lado, está o bloco dos EUA, França, Reino Unido, países do Golfo Pérsico e Turquia. Eles passarão a armar a oposição, isolar cada vez mais o regime através de medidas como o fechamento da embaixada americana em Damasco hoje e, em breve, reconhecimento da oposição como o governo sírio no exílio, provavelmente com sede em Istambul.

Com este armamento e treinamento, que já existe, mas ampliando para uma escala muito maior, os EUA e seus aliados esperam que os opositores controlem pelo menos uma parte do território, que seria transformado em uma espécie de Benghasi. Mesmo sem o aval da ONU, seria criada uma zona de exclusão aérea nesta área, provavelmente próxima a Turquia.

Ao mesmo tempo, haverá cada vez mais incentivos para que membros do regime, em especial o vice Farouq al Shaara, dêem um golpe em Bashar al Assad, e aceitem dialogar com a oposição em uma transição.

O outro bloco, da Rússia e da China, tentará convencer Assad a acelerar as reformas, dialogando com uma oposição mais branda, não armada, de Damasco. Também tentarão, a partir de amanhã, com a visita de Sergey Lavrov à Síria, convencer o líder sírio a deixar o país em uma transição controlada pelo regime, sem o envolvimento do Ocidente, na qual Moscou, Teerã, Hezbollah e Pequim não teriam seus interesses afetados. Mais importante, Putin, e não Obama, sairia como vitorioso nesta crise Síria.

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Independentemente de quem suceder, eu mantenho a previsão de que a Síria terá meses ou mesmo anos de guerra civil de caráter sectário, com a morte de milhares de pessoas. No fim, como no Líbano, Bósnia ou Iraque, haverá um acerto de divisão sectária de poder em uma democracia frágil.

E, mais importante, os olhos do mundo, quando isso acontecer, já estarão na Jordânia.

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacio

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