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De Beirute a Nova York

Sucesso em política externa é evitar fiasco na China, não matar Bin Laden

Por gustavochacra
Atualização:

no twitter @gugachacra

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Matar Osama bin Laden não é política externa. Trata-se de uma ação de inteligência isolada com forças especiais. Política externa é defender os interesses do país no exterior, especialmente por meio da diplomacia e, quando necessário, através de armas para enfrentar Exércitos ou milícias, não uma pessoa. O ideal para um Estado seria alcançar suas metas sem bater de frente com ninguém.

No caso da China,  claramente houve um fracasso da administração de Barack Obama. O ativista chinês Chen Guongcheng buscou abrigo na embaixada dos Estados Unidos. Neste momento, a Casa Branca teve de tomar uma série de decisões.

1 - Permitir a entrada ou não do ativista

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2 - Se permitiu a entrada, deveria entregá-lo ou não para as autoridades chinesas

3 - Caso exija condições, quais seriam

4 - Além da China, o que negociar com Chen

Inicialmente, havia um sinal de vitória. O ativista deixou a embaixada, sem se transformar em um Zelaya. Ao mesmo tempo, diziam os americanos, a China não o prenderia. Sucesso total e nota A+ para Obama. Mas, horas depois deste suposto acordo, um novo cenário emergiu.

Chen afirma que diplomatas americanos teriam passado recado de ameaças dos chineses caso ele não saísse. Agora, o ativista quer ir para o exílio nos EUA "no avião de Hillary Clinton". Para completar, a China demanda desculpas do Departamento de Estado por ter dado abrigo a ele.

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Basicamente, o governo Obama bateu de frente com a segunda potência mundial para defender os seus interesses de defesa dos direitos humanos, ainda que em detrimento de ideais geopolíticos. Nada contra. O problema é que, no fim, apenas o choque com Pequim prevaleceu, com o presidente sendo questionado em relação a Chen e os direitos humanos.

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A morte de Bin Laden, conforme escrevi aqui, seria deixada de lado em alguns dias. Ninguém mais fala do assunto 48 horas após a celebração do aniversário da ação militar. Os eleitores americanos se importam com economia nesta eleição, a não ser que aconteça algum atentado. Afeganistão e Iraque não interessam mais. Se quiser falar de política externa, Obama precisará mostrar avanços em relação ao Irã, Síria e China.

Os republicanos, por sua vez, certamente insistirão que Obama "é o presidente que pede desculpas pelo mundo".

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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