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De Beirute a Nova York

Teoria dos Jogos para saber os próximos passos de Abbas e Nentanyahu

no twitter @gugachacra

Por gustavochacra
Atualização:

Acompanhem a cobertura ao vivo da iniciativa palestina na ONU no Portal do Estadão

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A Palestina moveu as duas primeiras peças hoje no tabuleiro da crise no Oriente Médio. Primeiro, Mahmoud Abbas apresentou a Ban ki-moon o pedido de reconhecimento do Estado. Em seguida delineou a sua proposta de paz no plenário da Assembleia  Geral (fronteiras pré-1967, capital em Jerusalém Oriental e uma solução para a questão dos refugiados)

Sabendo do movimento palestino, Israel mostrou as suas cartas no discurso de Benjamin Netanyahu. O líder israelense defendeu negociações "incondicionais"  com a condição de o Estado palestino ser desmilitarizado, sem Jerusalém e em uma área da Cisjordânia que não ofereça riscos à segurança do país, além da presença do Exército de Israel no vale do rio Jordão

Levando em conta as movimentações dos dois lados, o Quarteto delineou uma proposta para palestinos e israelenses apresentarem sugestões em até 3 meses. Em seis, precisam ocorrer progressos substanciais das duas partes. Um acordo seria assinado antes do fim do ano que vem. Em seguida, o Líbano, que presidente o Conselho de Segurança, anunciou que uma reunião para analisar o pedido palestino acontecerá na segunda

No caso, Abbas terá três opções

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 1. poderá aceitar dialogar imediatamente, tendo a cartada de poder insistir em voltar a qualquer momento para o Conselho de Segurança. Neste caso, terá maior poder de barganha. O risco para Abbas será internamente na Cisjordânia, onde podem encarar o adiamento como uma derrota

Resultado - Vitória Externa; Incerteza Interna

 2. pode abdicar do Conselho de Segurança e aceitar a proposta francesa de tentar ser um Estado com status de observador. E, mesmo assim, poderia negociar com os israelenses com poder de barganha maior. Neste caso, teria amplo apoio internacional e precisaria explicar internamente a mudança. O ideal era optar por esta alternativa antes de apresentar o requerimento a Ban ki-moon

Resultado - Vitória Externa, Derrota Interna

 3. rejeitar uma negociação no momento, ver os EUA usarem o poder de veto no Conselho de Segurança, perder a ajuda financeira e ver a manutenção do status quo na realidade da Cisjordânia. Seria visto como herói no mundo árabe, mas as consequências para o dia a dia dos palestinos seriam graves

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Resultado - Incerteza Externa e Incerteza Interna

 Se Abbas optar por "1", Netanyahu poderá

A. negociar, sabendo não ter a mesma força das outras vezes. Neste caso, precisaria ceder em pontos inaceitáveis para a sua coalizão de governo. Mas o elogiariam por tentar a paz

B. recusar, sendo mais isolado na comunidade internacional, onde até Bill Clinton e o New York Times o criticam publicamente. Mas se veria fortalecido dentro diante israelense. Os palestinos poderiam demandar a cidadania israelense, vendo frustrado o sonho de ter um Estado. Como Israel não a concederia, passariam a dizer que os israelenses praticam Apartheid

Resultado - 1A. Derrota Interna, Vitória Externa

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Resultado - 1B. Vitória Interna, Derrota Externa

 Se Abbas optar por "2", Netanyahu poderá

A. negociar, sabendo que agora lida com um Estado reconhecido internacionalmente e pode levá-lo para a Justiça internacional

B. recusar, sendo colocado no ostracismo até pela França e Grã Bretanha

2A. Vitória Externa, Derrota Interma

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2B. Derrota Externa, Vitória Interna

 Se Abbas optar por "3", Netanyahu

 A. poderá ignorar a atitude, já que terá uma decisão da ONU a seu favor graças ao veto americano. Mesmo assim, continuará isolado internacionalmente

B. poderá negociar, mas ficaria completamente enfraquecido na sua base doméstica e alguns partidos da direita ou religiosos de Israel poderiam romper, levando ao naufrágio do seu governo

3A. Incerteza Externa, Vitória Interna

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3B. Vitória Externa, Derrota Interna

Como vocês agiriam se fossem Abbas ou Netanyahu? A resposta pode indicar o que pode acontecer

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente de "O Estado de S. Paulo" em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Yemen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al Qaeda no Yemen. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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