O Argumento dos libertários do Partido Republicano contra uma intervenção na Síria
Como Obama conseguirá convencer o Congresso a autorizar uma intervenção?
Uma tentativa de explicar a crise das armas químicas na Síria
Por que Assad teria usado armas químicas? Respostas curiosas neste post
Uma intervenção militar contra Assad será péssima para os cristãos sírios
Como seria a resposta de Assad a bombardeios dos EUA e seus aliados
Um resumo das armas químicas na Síria
Qual estratégia de Obama para a Síria? Um bombardeio punitivo, sem derrubar Assad
As palavras e nomes usados pelo presidente Barack Obama podem ajudar ou atrapalhar no convencimento de deputados e senadores a apoiarem a intervenção na Síria
PALAVRAS QUE AJUDAM
Irã - O regime de Teerã é visto como mau pela maior parte dos americanos e, consequentemente, pelos congressistas. A estratégia será dizer que, sem um ataque à Síria, o Irã poderá se sentir vitorioso, pois é aliado de Bashar al Assad. Além disso, ficará mais a vontade para levar adiante seu programa nuclear
Clinton - O ex-presidente fez uma intervenção bem sucedida em Kosovo. Mas, claro, seus bombardeios no Iraque, no Sudão e no Afeganistão foram um completo fracasso. Não podemos esquecer que, após estes bombardeios, a Al Qaeda, então baseada no território afegão, fez o 11 de Setembro, e o regime sudanês levou adiante massacres em Darfur. Mas poucos fazem esta conexão. Para muitos americanos, Clinton é sinônimo de sucesso nos Balcãs
Israel - Os israelenses são vistos de forma positiva pela maior parte dos americanos. Seria o inverso do Irã. Sempre é bom dizer que Israel está em risco com a crise na Síria. Claro, tem de ir com calma. Muitos republicanos da linha isolacionista já começam a dizer que eles lutariam apenas pelos americanos, não pelos israelenses
Hezbollah - O grupo xiita libanês é considerado terrorista pelos EUA e pela maioria dos americanos. O fato de ser um partido político com ações sociais no Líbano é ignorado. Quanto mais se associar o Hezbollah a Assad, mais vantagem Obama terá para conseguir a autorização
França - O apoio dos franceses será fundamental para Obama convencer os deputados. Normalmente, como no Iraque, Paris evita se envolver em questões bélicas americanas. Mas, desde a Líbia, voltou a ser um aliado vital. Se os franceses vão, então não haveria motivos para os EUA ficarem de fora
PALAVRAS QUE ATRAPALHAM
Al Qaeda - Obama evitará ao máximo mencionar que os principais grupos da oposição síria são ligados à rede terrorista responsável pelo 11 de Setembro. Muitos deputados questionam se não seria melhor um ditador laico, como Assad, do que a Al Qaeda no poder em Damasco
Cristãos sírios - É um tabu assumir que os cristãos na Síria são a favor de Assad. Uma intervenção dos EUA certamente os afetará negativamente. Apenas os libertários republicanos gostam de deixar claro que um ataque será prejudicial aos seguidores do cristianismo - vale lembrar que duas das principais autoridades cristãs sírias estão sequestradas por rebeldes. Obama quase nunca fala a palavra "cristão sírio". Falam dos alauítas, que não possuem base de suporte nos EUA
Iraque - Os EUA enviaram centenas de milhares de militares para o Iraque, gastaram bilhões e deram início a uma guerra que ainda não terminou e matou o triplo da Síria - Bagdá hoje em dia ainda tem mais vítimas do que Damasco. Para completar, depois de toda esta ofensiva contra Saddam Hussein, o novo regime iraquiano é aliado de Assad e de Teerã
Reino Unido - A oposição do Parlamento britânico à ofensiva não será mencionada. Esqueçam os britânicos. O medo é uma repetição da votação de Londres em Washington
Bush - Guerras e intervenções fracassadas são associadas ao ex-presidente. Obama tentará o tempo todo dizer que sua ação na Síria não terá nada em comum com o Iraque e o Afeganistão
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires