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De Beirute a Nova York

Uma história blogueira do primeiro mandato de Obama

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Por gustavochacra
Atualização:

Em seus dois primeiros anos na Presidência dos EUA, Barack Obama tinha, primeiro, o Congresso nas mãos, além de um enorme capital político depois da vitória sobre John McCain. Em segundo lugar, estava armado com seus discursos que, quatro anos atrás, encantavam até mesmo os maiores adversários. Para completar, os americanos enfrentavam a mais grave financeira em sete décadas e se sentiam esgotados por duas guerras.

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Neste biênio inicial, Obama possuía a capacidade de levar adiante seus projetos para mudar os EUA. Precisava, porém, priorizar algum. Sua opção foi pela reforma do sistema de saúde. Tratou-se de uma decisão arriscada e polarizou o país, embora o presidente não se arrependa.

Obama também tentou aquecer a economia com os programas de estímulo.  Seus defensores argumentam que, apesar de ainda haver um desemprego de 7,9% (que seria 11% se a População Economicamente Ativa fosse a mesma de 2007), evitou uma depressão. Seus críticos se dividem em dois. Os da esquerda dizem que deveria haver mais intervenção do governo. Os da direita, do Partido Republicano, afirmam que a maior presença do Estado na economia apenas atrapalhou.

Outros temas, como a imigração, foram deixados de lado pelo presidente quando ele poderia ter realizado algo. Na verdade, Obama optou por intensificar a deportação de estrangeiros sem documentos nos EUA, atingindo o inacreditável número de 1,4 milhão.

No fim, acabou vendo seu Partido Democrata sofrer uma grande derrota nas eleições para o Congresso em 2010 e seus poderes se reduzirem com os republicanos controlando a Câmara dos Deputados.

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A política externa de Obama foi uma continuação da de seu antecessor, George W. Bush, por mais que isso choque os leitores brasileiros. Manteve o secretário da Defesa, Robert Gates, e usou o surge do Iraque como modelo para multiplicar as tropas no Afeganistão. Seguiu o cronograma para retirar as tropas de Bagdá, embora tenha tentado deixar cerca de 10 mil remanescentes. O vice-presidente Joe Biden foi o responsável pela negociação com o governo iraquiano. Mas este, influenciado pelo Irã, não autorizou.

O uso de drones para assassinatos seletivos de suspeitos de terrorismo também aumentou pelo avanço tecnológico destes aparelhos. O resultado é ambíguo. Alguns dizem que aumentou a segurança americana. Outros, como eu, lembram que os mortos não tiveram direito a julgamento e vítimas civis, incluindo crianças, mulheres e idosos, também morreram e morrem nestas ações.

Na Primavera Árabe, o presidente pouco fazer por serem movimentos internos. Apenas liderou pela "retaguarda" a intervenção na Líbia. Não há absolutamente nada que ele posso fazer na guerra civil síria, onde radicais islâmicos da oposição lutam contra uma ditadura secular. Já na questão nuclear iraniana, a política de sanções tem surtido algum efeito.

Resumindo, Obama poderia ter feito mais em questões sociais, foi intervencionista na economia e manteve a política externa de Bush.

Como serão os próximos quatro anos? Tema para outro post.

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O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade ColumbiaTambém é comentarista do programa Em Pauta, na Globo News. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen.No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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