As eleições iranianas ocorrem nesta sexta-feira e possui seis candidatos. Destes, três se destacam. Saed Jalili, negociador nuclear e chefe do Conselho de Segurança Nacional do Irã; Mohammad Qhalibaf, prefeito de Teerã e ex-comandante das Guardas Revolucionárias; e Hassan Rawhani, ex-negociador nuclear e ex-chefe do Conselho de Segurança Nacional.
Os dois primeiros, Jalili e Qhalibaf, são mais conservadores e favoritos para irem ao segundo turno, no dia 21, caso nenhum deles obtenha mais de 50% dos votos. Rawhani, para padrões atuais do Irã, seria o mais moderado e conta com o apoio de líderes reformistas iranianos. Não está descartada a possibilidade de ele ser o vencedor, embora seja remota porque existe risco de fraude. Mesmo assim, existem surpresas no Irã, como a vitória de Mahmoud Ahmadinejad em 2005.
No Irã, o presidente não é a pessoa mais poderosa. Ele fica abaixo do líder supremo, Aiatolá Ali Khamanei, e do Conselho dos Guardiães. A palavra final em questões de política externa e sobre o programa nuclear ficam com Khamanei. Mesmo assim, o presidente possui importância em política doméstica, economia e também como imagem do Irã no exterior - basta ver Ahmadinejad nos últimos oito anos.
Khamanei é próximo dos três principais candidatos, mas teria preferência por Jalili. Rawhani, por ser mais moderado, talvez possa trazer problemas no futuro. Qhalibaf, embora conservador na dose exata, possui um perfil independente.
Na votação, vale a pena prestar atenção no comparecimento. Se for muito baixo, dará uma legitimidade menor ao eleito. Existe sim um risco de fraude, da mesma forma que as suspeitas na votação de 2009. Protestos talvez ocorram, mas a possibilidade é bem menor do que quatro anos atrás.
Ahmadinejad não conseguiu emplacar seu candidato nas eleições e seu papel na votação é irrelevante.
Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires