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De Beirute a Nova York

Por que vale a pena o acordo com o Irã?

O Irã e os EUA, junto com outros membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Rússia, França e Reino Unido) mais a Alemanha, devem chegar a um pré-acordo hoje envolvendo o programa nuclear iraniano. As questões técnicas seriam negociadas até junho, quando podem ou não chegar a um acordo definitivo. Há muitas questões que ainda separam os dois lados, o que é natural em negociações envolvendo inimigos. Vou comentar a parte técnica em outro post

Por gustavochacra
Atualização:

Notem que há as seguintes possibilidades neste momento envolvendo os dois lados

1) O melhor acordo possível com o Irã, embora não o ideal para os EUA (o que é impossível, pois se trata de uma negociação, não de uma capitulação) -

. neste caso, o Irã teria a sua capacidade nuclear coibida, sendo incapaz de, no curto e médio prazo, desenvolver uma arma atômica

. o Irã também estaria sujeito a mega inspeções internacionais

. Em troca, aos poucos, o Irã teria as sanções suspensas

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. Por último, o Irã poderia se tornar um aliado contra a Al Qaeda e o ISIS (Grupo Estado Islâmico ou Daesh), de quem é inimigo

. Ao mesmo tempo, aumentaria a rivalidade do Irã com a Arábia Saudita na região, provocando instabilidade

. Otimistas não descartam a possibilidade de o regime aos poucos se abrir. Os iranianos são uma das sociedades mais educadas e avançadas do mundo, embora com um regime retrógrado

2) Não ter acordo e intensificar as sanções, com possível ação militar -

. Esta ideia é defendida por alguns parlamentares dos EUA e também por Israel e Arábia Saudita. A ideia seria aumentar o poder de barganha com os iranianos, os pressionando a mais concessões

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. Mas, havendo um fracasso nas negociações, os iranianos provavelmente também tenderiam a querer aumentar seu poder de barganha, na prática adquirindo a capacidade de produzir uma bomba

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. Neste caso, sobraria a opção militar. O resultado seria uma guerra. O Irã é muito mais poderoso do que o Iraque de Saddam Hussein nos anos 1980 ou Bashar al Assad em 2007 - ambos bombardeados. Sem falar que o programa nuclear de Teerã é incomparavelmente maior e mais avançado

. Provavelmente, partes de Israel, do Líbano e também do Irã seriam destruídas (o Hezbollah certamente se envolveria), com milhares de mortos

. No fim, o programa nuclear iraniano no máximo seria atrasado por alguns anos. E haveria, claro, toda a intenção de intensificá-lo depois - os defensores dizem que o regime de Teerã poderia capitular, o que não é impossível, mas improvável

Guga Chacra, comentarista de política internacional do Estadão e do programa Globo News Em Pauta em Nova York, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já foi correspondente do jornal O Estado de S. Paulo no Oriente Médio e em NY. No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires

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