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De Beirute a Nova York

Você se interessa mesmo pelo conflito Israel-Palestina?

Você se interessa mesmo pelo conflito entre israelenses e palestinos? Se a resposta for sim, faça o que eu e muitas outras pessoas fizeram. Compre uma passagem e vá visitar Israel e a Palestina. Chegue sem preconceitos. Caso seja interrogado no aeroporto Ben Gurion, saiba que é uma medida de segurança aplicada até mesmo a judeus ortodoxos. Ninguém acha que você carrega uma bomba. Apenas pretendem ter mais informações. Eu já fui questionado diversas vezes, com vistos da Síria, Líbano e sobrenome árabe. No fim, me liberaram.

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Por gustavochacra
Atualização:

Em Tel Aviv, vá a um dos cafés do Boulevard Rothschild. Veja as árvores, a arquitetura e, se possível, converse com as pessoas. Escute suas histórias. Não dê a sua opinião. Apenas ouça e faça perguntas. Veja o ponto de vista delas. Faça o mesmo em Haifa e também em Jerusalém na Ben Yehuda. Tente ir a um assentamento. Conheça a história dos colonos. Visite um kibutz.

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Também vá a Jaffa e Nazaré para bater papo com árabes israelenses. Em Jerusalém coma falafel no lado oriental (árabe). Procure cristãos palestinos e também muçulmanos. Vá a balada em Ramallah. Visite o suq de Nablus. Ande por Hebron e observe cada detalhe. Tente conversar com os comerciantes palestinos e com os colonos judeus. Talvez não seja possível ir a Gaza. Mas, se der, vá e fale com as pessoas e caminhe na praia.

Depois desta experiência, com a cabeça aberta, veja qual a sua opinião do conflito. Posso apostar o seguintes.

1. Você será a favor da criação de um Estado palestino em fronteiras próximas às de 1967

2.Você levará em conta os assentamentos próximos da linha verde e concluirá ser óbvio que eles devam ficar com Israel. Ao mesmo tempo, defenderá o fim dos postos de controle dentro da Cisjordânia, como os localizados entre Nablus e Ramallah

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3. Você achará errado desmantelar os assentamentos dentro da Cisjordânia e defenderá a permanência deles, mas sob soberania palestina e respeitando todos os habitantes judeus, concedendo cidadania

4. Você verá que os árabes-israelenses querem continuar sendo israelenses, mas com uma participação maior na sociedade de Israel

5. Você achará um absurdo qualquer pessoa defender a explosão de um ônibus em Tel Aviv

6. Você será contra o lançamento de foguetes do Hamas

7. Você não apoiará bombardeios de Gaza e torcerá por um cessar-fogo

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8. Você achará que Jerusalém é indivisível, mas pode ser capital de dois Estados, ainda que, no caso palestino, seja apenas da Presidência, com a administração ficando em Ramallah

9. Você admirará a tecnologia e os avanços israelenses, como a Universidade Technion e a Indústria Farmacêutica. Também verá como a economia palestina na Cisjordânia melhorou e existem belas plantações em terras férteis, além da Universidade Bir Zeit

10. Você verá que israelenses e palestinos se esforçam, mas a culinária libanesa e síria é bem melhor do que a deles

11. Você retornará para visitar Israel e Palestina em vez de passar as próximas ferias na Europa

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Comentários islamofóbicos, anti-semitas e anti-árabes ou que coloquem um povo ou uma religião como superiores não serão publicados. Tampouco ataques entre leitores ou contra o blogueiro. Pessoas que insistirem em ataques pessoais não terão mais seus comentários publicados. Não é permitido postar vídeo. Todos os posts devem ter relação com algum dos temas acima. O blog está aberto a discussões educadas e com pontos de vista diferentes. Os comentários dos leitores não refletem a opinião do jornalista

O jornalista Gustavo Chacra, correspondente do jornal "O Estado de S. Paulo" e do portal estadão.com.br em Nova York e nas Nações Unidas desde 2009 e comentarista do programa Globo News Em Pauta, é mestre em Relações Internacionais pela Universidade Columbia. Já fez reportagens do Líbano, Israel, Síria, Cisjordânia, Faixa de Gaza, Jordânia, Egito, Turquia, Omã, Emirados Árabes, Iêmen e Chipre quando era correspondente do jornal no Oriente Médio. Participou da cobertura da Guerra de Gaza, Crise em Honduras, Crise Econômica nos EUA e na Argentina, Guerra no Líbano, Terremoto no Haiti, Furacão Sandy, Eleições Americanas e crescimento da Al-Qaeda no Iêmen.No passado, trabalhou como correspondente da Folha em Buenos Aires. Este blog foi vencedor do Prêmio Estado de Jornalismo, empatado com o blogueiro Ariel Palacios

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