Jamil Chade
21 de fevereiro de 2014 | 21h06
Nos atos que marcam o primeiro aniversário da morte de Chávez, imprensa oficial na Venezuela e diplomacia são orientadas em não usar a palavra “morte”.
GENEBRA – Jornalistas de televisões bancadas pelo governo venezuelano receberam nos últimos dias orientações sobre como deve ser a cobertura de atos que marcarão os atos para lembrar o primeiro aniversário da morte de Hugo Chávez, no início de março.
Eles foram explicitamente solicitados a não usar a palavra “morte” ao se referir aos eventos relembrando o líder venezuelano.
Essa não é a primeira vez que repórteres de canais e rádios venezuelanas recebem tal instrução. Nas semanas seguintes à morte de Chávez, a direção das redações mandou o mesmo recado, acompanhado por uma lista de sugestões de termos que poderiam substituir a palavra “morte”.
Essas sugestões apontavam que a palavra “morte” deveria ser substituída pelo termos “passagem” ou por “desaparecimento físico” para se referir ao fato de que, no dia 5 de março de 2013, Chávez morreu.
O caráter messiânico que o governo quer dar a Chávez ainda chega à diplomacia. Nesta semana, o texto de um convite do governo venezuelano também confirmou essa orientação. A diplomacia de Caracas na ONU realizará no dia 4 de março um evento para marcar o primeiro aniversário da morte de Chávez. Mas diplomatas foram orientados a evitar a palavra “morte”.
Eis o texto literal do convite enviado a diplomatas, ongs e jornalistas: “La Misión Permanente de la República Bolivariana de Venezuela le invita a participar en el Acto Homenaje al Presidente Hugo Chávez Frías, con motivo del Primer aniversario de su paso a la inmortalidad”.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.