A Fifa entra em uma semana decisiva hoje e deve se pronunciar finalmente sobre a situação do estádio de Itaquera, que na semana passada viveu um acidente que matou duas pessoas. Hoje, na Bahia, a entidade reúne seu Comitê Executivo e deve manter São Paulo como abertura da Copa do Mundo. Mas as pressões internas e externas são significativas e a direção da entidade argumentou que, antes de tudo, iria ver a perícia sobre o acidente para se pronunciar.
Mas a realidade é que o acidente deixa a entidade numa situação constrangedora. A Fifa já vinha sendo pressionada por sindicatos europeus e associações de direitos humanos pelas condições de trabalho nas obras no Catar para a Copa de 2022, e que também já teria deixado mortos. Agora, a situação em São Paulo promete aumentar a cobrança sobre Joseph Blatter.
Segundo revelou a este blog engenheiros que trabalharam para a organização nos últimos anos, o cenário de um acidente era justamente o que se temia quando os primeiros atrasos graves começaram a surgir. "Não foi uma vez só que dissemos isso", declarou um dos técnicos que já não mais atua na Copa e que falou à reportagem na condição de anonimato por temer represálias.
"Temíamos por pelo menos dois aspectos. O primeiro era de que, com obras aceleradas, trabalhadores pudessem sofrer algum dano. O outro risco era a de que algo pudesse ocorrer durante um jogo da Copa, o que seria um desastre mundial", explicou.
Segundo os técnicos, quando ficou decidido em meados de 2010 de que o Morumbi estava fora da Copa, um dos alertas feitos foi justamente de que as obras do novo estádio precisariam começar imediatamente, o que não ocorreu.
Em outros locais, como Natal, Cuiabá e Curitiba, o tema também foi alvo de um debate entre técnicos nos anos seguintes.
A situação do Maracanã também chamava a atenção, principalmente por conta do uso do estádio para a Copa das Confederações. "Chegou-se a propor que, por uma questão de segurança, o estádio no Rio não fosse usado em 2013", confessou a fonte.