A versão quase romântica do dia em que Azevedo foi eleito para comandar a OMC foi publicada no Financial Times, uma espécie de Bíblia da economia mundial e jornal de referência. O artigo estava titulado: "Lacrado com um sorriso: como o Brasil conseguiu colocar seu homem Azevedo na OMC". "O candidato brasileiro se traiu com um sorriso", disse.
O problema é que isso jamais ocorreu. O Estado foi um dos cerca de 20 jornais, câmeras e agências de notícias que estavam na porta da OMC quando essa reunião de terça-feira ocorreu.
O próprio Azevedo confirmou que, naquele momento, estava em sua sala no gabinete da missão do Brasil em Genebra, cerca de 15 minutos de distância de carro da sede da OMC.
O novo diretor foi informado pelo telefone e, em sua sala, estavam sua esposa e uma assessora. Ao receber o telefonema, fez um sinal de positivo com o dedo.
Quem de fato foi à reunião da OMC foi o diplomata brasileiro Estanislau Amaral, enviado pelo governo para saber o resultado da eleição. Na reunião, que também contou com um embaixador mexicano representando o candidato Hermínio Blanco, Amaral foi informado da vitória de Azevedo. Saiu feliz e chegou a comentar que seu sorriso "dizia tudo", o que fez disparar os jornalistas informando seus editores e redações do resultado.
Azevedo jamais pisou os pés na entidade naquele dia. E nem nenhum jornalista do Financial Times.