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Direto da Europa

Merkel, a única sobrevivente da crise europeia

Nos primeiros dias da crise econômica mundial, entrevistei o ex-primeiro-ministro da Islândia,Geir Haarde, que de forma sumária foi derrubado de seu cargo quando seu país derreteu. Sua mensagem foi clara: "muitos outros governos pela Europa também cairão".

Por jamilchade
Atualização:

De fato, ele tinha razão. Zapatero na Espanha, Berlusconi e depois Mario Monti na Itália, Papandreu na Grécia, Sarkozy na França, Portugal, Irlanda, Mirek Topolanek na República Tcheca. Ninguém sobreviveu.

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Nas urnas, milhões de europeus votaram por retirar esses líderes do poder, como uma punição à crise da gestão da crise.

Mas uma delas sobreviveu e, na verdade, até ganhou terreno. Angela Merkel se vendeu como a "grande mãe" dos alemães. No fim de semana, ganhou seu terceiro mandato, algo que não ocorria na Alemanha desde os anos 50 e Konrad Adenauer. Entre os diversos recados dados por Merkel durante a campanha, todos se resumiam à mesma coisa: "Se eu ficar, a tranquilidade permanecerá".

Merkel, com a chave do cofre da Europa na mão, fez questão de condicionar seus resgates aos demais países a uma "germanização" do receituário econômico do continente. A austeridade foi central em suas exigências, enquanto economias se asfixiavam e as filas de desempregados em Madri, Atenas e Lisboa aumentavam a cada dia.

No resto da Europa, a esperança de milhões de pessoas e de vários governos é de que, uma vez concluída a eleição, Merkel não terá de ganhar votos de seus eleitores e poderá atender às necessidades de outros cidadãos europeus. A esperança é de que ela suavizará suas exigências de austeridade e aceitará que, numa Europa com diversos níveis de desenvolvimento e competitividade, um receituário único não resolverá. Só o tempo dirá.

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No sul da Europa, jornais nesta segunda-feira apontam que, de fato, Merkel é a única sobrevivente da crise. Mas ironizam: qual foi o preço disso?

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