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É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião|Candidatos liberais se enfrentarão no 2.º turno no Peru

A populista de direita Keiko Fujimori e o tecnocrata de centro Pedro Pablo Kuczynski se enfrentarão no segundo turno da eleição presidencial peruana, no dia 5 de junho. É o que indica a contagem de 82,5% dos votos, anunciada às 13h55 (hora de Brasília) pelo Escritório Nacional de Processos Eleitorais (Onpe, na sigla em espanhol). O resultado tira a esquerda do páreo, representada principalmente por Verónika Mendoza. Pela contagem parcial, Keiko tem 39%, seguida por PPK, como é conhecido, com 22%; Verónika vem em terceiro, com 18%.

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Atualização:

Embora tenha largado na frente no primeiro turno, Keiko pode ser derrotada no segundo, por seu alto índice de rejeição (45%, segundo o Instituto Ipsos), associado à imagem do pai, Alberto Fujimori, que governou entre 1990 e 2000, e está preso há 11 anos, acusado de violações dos direitos humanos. Fujimori, que promoveu um "autogolpe" em 1994, fechando o Congresso e o Judiário para governar com plenos poderes, foi envolvido também em escândalos de corrupção.

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Seja como for, não há diferenças substanciais nas propostas econômicas de Keiko, derrotada na última eleição presidencial, em 2011, e que liderou a oposição ao presidente Ollanta Humala, e de PPK, ex-economista do Banco Mundial e ex-ministro da Economia.  A eleição tanto de um quanto do outro deve levar a medidas para atrair os investimentos na indústria da mineração, a principal fonte de receita do país, prejudicados por bloqueios promovidos por sindicatos, com o apoio de Humala, um populista de esquerda.

Keiko tem a vantagem de ter obtido maioria no Parlamento unicameral: seu partido Força Popular conquistou 68 das 130 cadeiras. Mas uma eventual eleição de PPK provavelmente geraria menos tensões sociais, embora a preferida dos camponeses e mineiros fosse Verónika. Mobilizados nos chamados movimentos populares, eles nutrem aversão dor Keiko, por causa de medidas adotadas por seu pai, como a privatização, a repressão violenta ao grupo maoísta Sendero Luminoso e esterilizações forçadas de mulheres. PPK, ex-economista do Banco Mundial, por sua vez, foi ministro da Economia do ex-presidente Alejandro Toledo (2001-2006), cujo governo foi execrado pelos camponeses e mineiros por causa de privatizações de serviços públicos. Nunca há um caminho fácil para reformas liberais na América do Sul.

A economia peruana, dependente das exportações de minérios, pescados e produtos agrícolas, foi abalada pela queda nos preços das commodities nos últimos anos. O crescimento do PIB caiu de 5,8% em 2013 para 2,1% em 2014 e 2,8% em 2015. Embora não seja populista como Humala, e não tenha sido apoiada por ele, Verónika pode ter sido mais uma baixa das esquerdas sul-americanas frente à crise econômica causada pela queda dos preços das commodities.

A perda de fôlego do populismo de esquerda já se refletiu na derrota do kirchnerismo e eleição de Mauricio Macri na Argentina, na vitória do "não" em um referendo para permitir mais uma reeleição do presidente boliviano Evo Morales, no triunfo da oposição nas eleições para a Assembleia Nacional venezuelana e no movimento em favor do impeachment no Brasil.

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Opinião por Lourival Sant'Anna

É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais

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