Numa foto, um homem de barba com o rosto desfocado, que seria Lusvarghi, aparece ajoelhado. De acordo com informações veiculadas por sites favoráveis à causa dos separatistas russos, Lusvarghi viajava para Moscou em um avião de uma companhia inglesa, que teria sido desviado para Kiev.
Lusvarghi foi preso em junho de 2014 em São Paulo durante protesto contra a realização da Copa do Mundo. Sua foto foi estampada na época nas capas dos jornais, de cabelos longos e sem camisa, dominado por policiais que disparavam spray de pimenta em seu rosto. Em outubro de 2014, ele me concedeu uma entrevista, de seu alojamento militar entre as cidades de Donetsk e Lugansk, no leste da Ucrânia. Na época, ele já comandava um pelotão. "Meu batalhão é formado em sua maioria por voluntários russófonos da região do Donbass", me disse ele. "Pretendo ficar aqui mesmo depois que a luta acabar. Para dizer o mínimo, vou até o fim."
Lusvarghi se tornou "cidadão" da República de Donetsk. O conflito começou depois da queda, em fevereiro de 2014, do presidente pró-russo Viktor Yanukovich, em meio a manifestações contra o governo. A onda de protestos foi desencadeada pela suspensão, por parte de Yanukovich, do processo de ingresso da Ucrânia na União Europeia. Ele anunciou o recuo depois de se reunir com o presidente russo, Vladimir Putin, que o pressionou a trocar a UE pela Comunidade Econômica Euroasiática, liderada pela Rússia. Com a queda de Yanukovich, a Rússia anexou a Crimeia e apoiou o movimento separatista no leste da Ucrânia. De lá para cá, o conflito entre os separatistas da etnia russa e as Forças Armadas ucranianas já matou 9.500 pessoas. No dia 13 de setembro, os separatistas anunciaram um cessar-fogo unilateral.