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É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais. Escreve uma vez por semana.

Opinião|Trump apoia projeto que reduz penas de prisão e beneficia negros

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Atualização:

O presidente Donald Trump endossou um projeto de lei que reduz as penas de prisão para crimes não-violentos relacionados com drogas e cria programas de ressocialização para esses criminosos. A iniciativa, que partiu de senadores republicanos e democratas, favorecerá principalmente os negros, que são presos por esses crimes em uma proporção muito maior que os outros grupos. Em um país extremamente polarizado, no qual praticamente toda discussão degenera em violentas acusações de ambos os lados, a necessidade de reduzir o encarceramento é um exemplo muito raro de consenso entre republicanos e democratas, conservadores e liberais. As estatísticas mostram que, nos Estados que adotaram o encurtamento do tempo em prisão, a adoção de penas alternativas e de programas de ressocialização, não aumentaram os crimes, cujos índices são os mais baixos nos últimos 20 anos nos Estados Unidos. Entre eles estão Estados governados por republicanos: Geórgia, Carolina do Sul, Oklahoma e Louisiana. As medidas são apoiadas pelos diversos grupos por razões distintas, observa o jornal The New York Times. Os liberais se preocupam mais com dois aspectos: a prisão por crimes não-violentos atinge muito mais os negros que os brancos, e os Estados Unidos têm índices de encarceramento em relação ao número de habitantes muito maiores do que os outros países desenvolvidos. Os conservadores estão mais preocupados com os custos das penas de prisão longas e abrangentes para os bolsos dos contribuintes. Os especialistas apontam as altas taxas de reincidência, que indicam baixa eficácia do sistema carcerário americano. Já a noção de que se deve dar uma segunda chance aos criminosos não violentos faz sentido para todas as correntes. No círculo íntimo de Trump, foi o seu genro, Jared Kushner, que ajudou a convencê-lo da necessidade de apoiar a iniciativa. E desde que assumiu, o presidente tem demonstrado seu interesse em aprovar leis que tenham apoio bipartidário. Noutras áreas, como imigração, ele não tem conseguido. O apoio do governo ao projeto foi facilitado pela saída do secretário de Justiça Jeff Sessions, um ultraconservador que se opunha a qualquer redução de penas para crimes relacionados com as drogas. Seu substituto interino, Matthew Whitaker, aderiu ao projeto, depois de várias reuniões com Kushner.

Opinião por Lourival Sant'Anna

É colunista do 'Estadão' e analista de assuntos internacionais

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