No fim de outubro, um blogger do site Gawker revelou que foi procurado por uma companhia de marketing digital, 43AMarketing, que lhe ofereceu US$130 por cada link incluído em seus textos.
Intrigado com a oferta, Hamilton Nolan foi investigar e escreveu sobre o assunto no artigo O Golpe de Marketing que Está Subornando Seus Bloggers Favoritos. O site Gawker, cujo lema é "A fofoca de hoje é a notícia de amanhã," paga bônus em dinheiro para os jornalistas que atraírem o maior número de hits com suas reportagens.
No email enviado em nome da 43A, uma pessoa que se apresentou como Bryan Clark e se declarou "grande fã" do texto de Nolan, oferece o acordo potencial para o "nosso benefício mútuo" e se gaba de ter clientes "enormes" interessados no link.
Quando Nolan indagou, "Quais são as companhias?", o representante ofereceu exemplos: Dell, T-Mobile, Motorola. Todas as companhias citadas, consultadas pelo repórter, negaram qualquer relação com a 43A, que tem sede em San Mateo, na California, e anuncia no seu site uma equipe de redatores de alto nível, "ansiosos para trabalhar para sua empresa."
Homepage da 43A (Foto Reprodução)
O suposto Bryan Clark disse que não estava tentando forçar a barra e não queria links que não ocorressem de forma "seminatural." Quando Nolan retrucou que editores de sites teriam reservas sobre a prática, Clark disse que preferia ir direto aos bloggers porque eles são mal pagos e a maioria está disposta a ganhar por fora.
Como tática para receber dinheiro por debaixo da mesa, o representante sugeriu que Nolan inserisse um link. Caso o link despertasse a atenção do editor, ele deveria ser imediatamente retirado. Se passasse despercebido, Nolan seria recompensado. O preço por link, durante a troca de correspondência, subiu para US$175, por causa do "calibre" do redator.
Clark foi mais longe e garantiu que editores do Huffington Post, Business Insider e Technorati tinha acordos com a 43 A. Os três sites também se apressaram a negar categoricamente que façam este tipo de acordo.
Em 2009, a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos publicou um guia ético para endossos e testemunhos, num esforço de proteger o consumidor da confusão de conteúdos. O guia reitera que a publicidade travestida de reportagem pode estar sujeita a multas.
Mas, na pista molhada da corrida digital, quem pode patrulhar a integridade de milhões de links? Se há fogo por trás da fumaça que chegou por email ao blogger do Gawker, qual o próximo passo? Pagar jornalistas para não usar certas frases que gerem buscas pouco lisonjeiras para corporações?