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Luzes da cidade

Posso entrar?

Com licença.

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Por luciaguimaraes
Atualização:

O gerente deste varal, onde uma Babel de escribas estão quarando ao sol digital, abriu uma vaga para uma colaboradora.

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Por que Luzes da Cidade? Porque gosto do filme de Chaplin. Porque as quatro estações do ano aqui transformam a paisagem urbana sob o sol. Porque Nova York, além do cartão postal dos arranha-céus acesos, ainda ilumina grande parte da conversa, mesmo se não possa mais, neste milênio, reclamar o título de metrópole do século.

Como carioca adotada por esta cidade, cometi um erro típico do nova-iorquino autorreferente, numa caminhada à beira do Rio Hudson, nesta gloriosa manhã outonal.

Ao me deparar com o veleiro Ishtar, pensei: Este homem pendurado no mastro é um gozador. "Ishtar", símbolo do fracasso em Hollywood, é o título do filme de Elaine May, com Warren Beatty, Dustin Hoffman e Isabelle Adjani.

Mas Ishtar é, acima de tudo,  a deusa assíria da felicidade, do amor e da guerra. É óbvio que  o sujeito fazendo sabe-se lá o quê lá em cima, não se deu ao trabalho de pintar seu barco para comemorar um fracasso da grande inovadora da comédia americana. Elaine May é também uma nova-iorquina adotada. Quem sabe, se ela der de cara com um veleiro chamado Rio, ela não vai pensar que se trata de uma homenagem a Fred Astaire e Ginger Rodgers?  Quem sabe.

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Neste outono, o imperativo ocupem resume o mais original movimento espontâneo que testemunhei desde que desembarquei aqui, em 1985. Estava decidida a passar um ano ("A consistência tola é o demônio das pequenas mentes", Ralph Waldo Emerson).

Já que fui ficando, quem sabe, posso estacionar aqui algo que interesse ao leitor. Quando cheguei em Nova York,  jornalista não era chamado de "produtor de conteúdo."

E não havia um repórter na rádio local como Peter Overby, que responde pelo título de Correspondente de Poder, Dinheiro e Influência.

Quando um chinês lhe deseja "tempos interessantes", está rogando uma praga. Na Nova York dos tambores no Zuccotti Park, e nos Estados Unidos que devem $1.3 trilhões à China, o provérbio chinês soa especialmente agourento.

Mas, quem sabe, as luzes naturais e artificiais desta cidade ainda justifiquem um blog.

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