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Americanas são detidas por patrulha de fronteira após falarem espanhol em loja

Ana Suda e Mimi Hernandez são cidadãs americanas de origem mexicana; agente negou motivação racial

Por Redação Internacional
Atualização:

HAVRE, MONTANA - Duas mulheres americanas foram detidas e interrogadas num posto de gasolina em Havre, no Estado americano de Montana, após um agente da Patrulha da Fronteira ouvi-las conversando em espanhol. O incidente ocorreu na madrugada da última quarta-feira, 16, e foi filmado por uma das envolvidas pelo celular.

Agentes americanos patrulham a fronteira do país com o México perto de Jacumba, na Califórnia Foto: REUTERS/Mike Blake

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Ana Suda relatou ao Washington Post que foi à loja de conveniência do posto com a amiga Mimi Hernandez para comprar leite e ovos - Hernandez é natural da Califórnia, enquanto Suda nasceu no Texas e foi criada no México. As mulheres trocavam algumas palavras em espanhol enquanto aguardavam na fila quando foram interrompidas por um agente uniformizado da Patrulha, que pediu seus documentos.

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"Nós estávamos só conversando, e depois eu ia pagar", disse Suda ao Post. "Eu olhei para o agente, e ele pediu meu documento de identidade. Perguntei 'você está falando sério?' e ele disse 'sim, muito sério'".

Enquanto eram conduzidas ao estacionamento, Suda começou a filmar o encontro; no vídeo, compartilhado por algumas TVs americanas, ao perguntar por que estavam sendo detidas, o guarda responde claramente que o motivo foi tê-las ouvido conversar em espanhol, "o que é muito incomum por aqui". Também é possível ouvir o agente negando qualquer motivação racial para a conduta. "Isso tem a ver com vocês falando espanhol num Estado onde se fala predominantemente inglês", afirma.

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Mesmo após explicarem que eram cidadãs americanas, as mulheres foram interrogadas por cerca de 40 minutos, sendo liberadas por volta de 1h da manhã. "Eu fiquei muito envergonhada... todos olhavam pra gente como se estivéssemos fazendo algo errado. Eu não acho que falar espanhol seja um crime", declarou Suda.

Ao chegar em casa, ela publicou sobre o ocorrido no Facebook; após a repercussão na mídia local, Suda disse que sua filha, de 7 anos, perguntou se deveria parar de falar espanhol em público.

Segundo o Post, um representante da agência de Alfândega e Proteção de Fronteiras do governo está investigando o caso. "Os agentes e oficiais se comprometem a tratar todos com profissionalismo, dignidade e respeito enquanto trabalham para manter a lei", comunicou a agência ao jornal. "Eles possuem autoridade ampla, não limitada a uma região geográfica específica, e podem questionar indivíduos, realizar prisões e coletar provas."

Suda disse ao veículo que recorreu à União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU) para acompanhamento legal do caso. "Existem cidadãos cuja primeira língua não é inglês e isso não significa que eles estão cometendo crimes de imigração", declarou Astrid Dominguez, uma das diretoras da ACLU. "A Constituição proíbe perfilamento racial. Você precisa de suspeitas razoáveis (antes de deter alguém), e falar espanhol não é uma delas", conclui. / W. POST

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