Cristiano Dias
11 de dezembro de 2009 | 16h20
A briga para reformar o sistema de saúde nos EUA é uma velha batalha sobre o tamanho do Estado na sociedade. Os republicanos, conservadores, acreditam nas leis do mercado e defendem que o governo não se meta no assunto. Os democratas, mais progressistas e intervencionistas, não acreditam na mão invisível do liberalismo e acham que cabe ao Estado corrigir as distorções do capitalismo.
Os EUA, apesar de serem a nação mais rica do mundo, não têm um sistema público de saúde. Cerca de 50 milhões de americanos – 15% da população – não conseguem pagar um plano de saúde. Muitos que pagam, quando ficam doentes, descobrem que o seguro não cobre determinado tratamentoAssim, a maioria definha em casa ou vai à falência tentando cobrir os custos por conta própria.
Historicamente, os democratas sempre tentaram resolver o problema “europeizando” a saúde americana. O senador Ted Kennedy, que morreu em agosto, dedicou sua vida à reforma do sistema de saúde. O ex-presidente Bill Clinton tentou empurrar, sem sucesso, goela abaixo do Congresso uma reforma nos anos 90.
Até agora, os republicanos resistiram bravamente, argumentando que o dinheiro que é mantido com o contribuinte causa um efeito em cascata difuso em toda a economia – essa era a lógica da reforma tributária do ex-presidente George W. Bush, que cortou impostos dos mais ricos.
No entanto, a atitude minimalista dos liberais frente ao Estado, less is more, foi seriamente arranhada pela crise econômica global, quando ficou evidente que o Estado não era um monstro. O momento, portanto, não poderia ser mais adequado para o presidente Barack Obama tentar aprovar a reforma.
Ainda há muita resistência no Congresso, principalmente dentro do próprio partido de Obama. A ala conservadora dos democratas não admite que o governo coloque dinheiro dos contribuintes na saúde e ameaça votar contra o projeto. Do outro lado, a banda da esquerda diz que só vota a favor se houver financiamento público. Assim, a luta continua.
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