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Bachelet fecha transição com reforça militar profunda

 

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Por Marcelo de Moraes
Atualização:

A presidente chilena, Michelle Bachelet, entrega o cargo no dia 11 de março como uma das líderes democráticas mais bem avaliadas do mundo (81%) e como a primeira mulher a governar o Chile, um país próspero para os padrões latino-americanos, mas contaminado pelo machismo e por uma herança autoritária ligada aos 37 anos de ditadura.

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A dois meses de deixar o cargo, Bachelet anunciou, na segunda-feira, uma profunda reforma militar, que cria o Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, extingue as secretarias da Marinha, do Exército e da Aeronáutica e divide o poder do Ministério da Defesa, controlado por um civil, com um chefe militar. A medida é carregada de simbolismo e foi classificada por Bachelet - uma socialista que esteve presa, foi torturada e perdeu o pai, um general da Força Aérea, assassinado pela ditadura Pinochet - como a mais desafiadora de todo o período de governo da Concertação (1990-2010).

Ao encerrar sua gestão promovendo mudanças estruturais nas Forças Armadas, Bachelet dá sinais de que 2009 e 2010 poderão fechar atrás de si as portas de uma longa transição democrática, iniciada quase de forma simultânea em toda a América Latina nos anos 80.

Outro sinal de mudanças nos ventos históricos - desta vez, desfavorável para os socialistas chilenos - será a chegada à presidência do empresário Sebastián Piñera, que em janeiro derrotou o candidato governista, Eduardo Frei. Fazia mais de 50 anos que a direita não vencia uma eleição democrática no Chile; e esta foi sua primeira vitória sob as leis do sufrágio universal, já que, da última vez, os analfabetos ainda não tinham direito a voto no país. O governo de Piñera terá a chance de mostrar que o Chile - cujas cicatrizes provocadas pelos 2.279 assassinatos e 28 mil casos de tortura praticados pela ditadura - caminha bem tanto com a perna direita quanto com a esquerda.

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