Redação Internacional
11 de abril de 2012 | 21h51
Por Lourival Sant’Anna, enviado especial a Damasco
O avião seguiu praticamente vazio de Londres para Damasco na madrugada desta quarta-feira, 11. Quase todos os passageiros eram sírios. De jornalistas, havia uma equipe de TV japonesa e o repórter do Estado.
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Observados pelo presidente Bashar Assad, onipresente nas fotos espalhadas pelas repartições públicas, os funcionários da imigração não sabiam bem o que fazer com os três jornalistas, de tão escassos que se tornaram. Mesmo as agências de notícias e redes de TV mundiais estão cobrindo a Síria dos países vizinhos. O Estado tornou-se hoje um dos únicos veículos do mundo a ter um enviado especial em Damasco.
Nos 25 km que separam o aeroporto do centro da capital, a situação é de normalidade: nenhum tanque ou barreira militar. Nem nos arredores de uma base do Exército havia esquema especial de segurança. Há soldados e policiais nas ruas, mas nada mais ostensivo do que antes. O regime parece manter o firme controle sobre o seu coração, Damasco, embora haja relatos de confrontos num raio de 30 km.
A vida transcorria normal hoje na cidade. O trânsito engarrafava, a maioria das lojas estava aberta e muitos escritórios funcionavam normalmente. Os damascenos são avessos a falar de política com desconhecidos. “A guerra é fora daqui”, é uma frase comum. “Aqui está tranquilo”. O preço de alguns produtos, como o diesel usado no aquecimento – e desviado para os veículos do Exército – subiu, mas não há desabastecimento.
Ignorando o caos a seu redor, Assad se reunia hoje com uma delegação da nova União dos Estudiosos do Levante, formada numa conferência realizada em Damasco.
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