PUBLICIDADE

Foto do(a) blog

O blog da Internacional do Estadão

CENÁRIO: Mobilização do voto antifujimorista volta a equilibrar disputa

LUIZ RAATZ, ENVIADO ESPECIAL / LIMA

Por Redação Internacional
Atualização:

LIMA - A campanha eleitoral no Peru parecia decidida há uma semana, quando a vantagem de Keiko Fujimori sobre Pedro Pablo Kuczynski (PPK) oscilava entre seis e nove pontos porcentuais. Nos últimos dias, a mobilização de setores antifujimoristas e o apoio dado ao economista pela terceira colocada na disputa, a deputada de esquerda Verónika Mendoza, permitiu o crescimento da candidatura de Kuczynski.

A semana começou com o último debate, no qual analistas apontam que PPK se saiu melhor que Keiko. Depois, na terça-feira, foi anunciada a decisão de Verónika, muito popular nas províncias do sul do país, como Cuzco, Arequipa e Puno, que obteve 16% dos votos no primeiro turno com uma pauta próxima à esquerda ambientalista. Esses Estados foram os mesmos que, em 2011, permitiram que Ollanta Humala vencesse Keiko, com uma virada na reta final que culminou com uma vitória por dois pontos porcentuais.

Aos gritos de "Fujimori nunca mais", uma multidão composta majoritariamente por jovens se concentrou na Praça San Martin, no centro de Lima, sob uma bandeira peruana gigante Foto: REUTERS/Guadalupe Pardo

PUBLICIDADE

Na ocasião, assim como em 2016, a maioria dos partidos políticos se juntaram em torno da candidatura de Humala. Até mesmo o Nobel de Literatura Mario Vargas Llosa, que dissera que escolher entre Humala e Keiko era uma escolha "entre a aids e o câncer", acabou anunciando apoio ao atual presidente peruano.

Também na terça-feira, cerca de 100 mil pessoas em todo o Peru saíram às ruas para protestar contra Keiko, dizendo que a vitória da filha de Alberto Fujimori implicaria um retorno do autoritarismo e uma ampliação da corrupção. As denúncias envolvendo o suposto vínculo do deputado Joaquín Ramírez, estrategista de Keiko, com o narcotráfico deram aos antifujimoristas o slogan "não ao narcoestado", que foi explorado por PPK em seus últimos comícios.

Em Lima, na quarta-feira, Kuczynski subiu o tom do discurso de linha dura contra a criminalidade, prometendo prisão perpétua para crimes graves, e insistiu que um retorno do fujimorismo ao poder traria mais corrupção e tráfico de drogas ao país. "Vamos dizer não ao narcoestado que matará todos nós", discursou PPK, em seu último evento de campanha.

Publicidade

As últimas pesquisas de opinião registraram os efeitos dessa intensificação da campanha a partir de quinta-feira. Um levantamento do instituto CPI indicou que a vantagem de Keiko havia caído para 2,3 pontos porcentuais. Na sexta-feira, levantamentos dos institutos Ipsos e Gfk mostraram Kuczynski levemente à frente. No dia da eleição, o empate técnico entre os dois se manteve.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.