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Cinco razões para a derrota política de May

Diversos deputados conservadores alegam que a premiê fez uma campanha ‘catastrófica’, o que a levou a perder a maioria absoluta no Parlamento britânico

Por Redação Internacional
Atualização:

LONDRES - Nas palavras de vários deputados conservadores, a premiê britânica, Theresa May, fez uma campanha "catastrófica". Veja cinco razões que fizeram ela perder a maioria absoluta no Parlamento nas eleições legislativas de quinta-feira 8.

Um dos problemas de Theresa May na campanha foi que ela se esquivou dos eleitores, organizando pequenos comícios, enquanto seu rival discursava para milhares de pessoas ( Foto: EFE/Andy Rain)

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Pecado original

May deveria ter desconfiado do que estaria por vir quando convocou as eleições antecipadas em abril, três anos antes da data prevista. É verdade que, naquele momento, todos os indicadores eram positivos e as pesquisas previam uma vitória sobre o Partido Trabalhista com uma ampla vantagem.

Contudo, a história tem mostrado que este é um exercício perigoso. Os conservadores britânicos já haviam convocado eleições antecipadas em 1974, e perderam para o Partido Trabalhista.

O antecessor de May, David Cameron, também estava convencido de que iria vencer o referendo de 2016 sobre a saída da União Europeia, e teve de renunciar quando o Brexit prevaleceu. "Foi uma aposta e Theresa May perdeu. Isso levanta dúvidas sobre a sua perspicácia política", observa Mike Finn, cientista político da Universidade de Warwick.

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Guinada dramática

O programa dos conservadores, divulgado durante a campanha, incluía uma medida muito impopular sobre o financiamento de tratamento médico aos idosos, apelidado de "imposto sobre a demência".

A indignação foi imediata e, quatro dias depois, May teve de voltar atrás, numa guinada dramática. Mas o estrago já estava feito: a primeira-ministra foi acusada de mudar de opinião, caiu nas pesquisas e não conseguiu transmitir sua mensagem com base no Brexit.

"May estragou sua campanha. A mensagem transmitida foi infeliz e a guinada a respeito da saúde dos idosos foi catastrófica", declarou a deputada conservadora Ann Soubry, reeleita por uma margem estreita de votos.

Atentados e austeridade

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Os três ataques terroristas que atingiram o Reino Unido desde março fizeram com que a questão da segurança ocupasse o centro da campanha eleitoral. Apesar de ser tradicionalmente um ponto forte para os conservadores, o Partido Trabalhista soube como colocar em evidência a política de austeridade e os cortes orçamentais do governo conservador, que reduziu em 20 mil o número de postos policiais em seis anos.

Apesar do perfil pacifista de seu líder, Jeremy Corbyn, o Partido Trabalhista anunciou que criaria 10 mil novos postos policiais, entre outras promessas orçamentais rejeitadas por May e sua formação.

Rejeição aos debates

Desde o início da campanha, May anunciou que não participaria de qualquer debate televisionado, limitando-se simplesmente a comparecer a duas sessões de perguntas e respostas com um jornalista e o público. A oposição aproveitou a oportunidade para denunciar sua "falta de coragem" e "fraqueza".

Falta de empatia

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O problema é que May, de fato, também se esquivou dos eleitores, organizando pequenos comícios, enquanto seu rival discursava para milhares de pessoas. Muitos eleitores repreenderam sua frieza e falta de empatia. A premiê se contentou em repetir monotonamente as mesmas mensagens. / AFP

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