LIMA - Três dias após o segundo turno da eleição presidencial no Peru, população ainda não sabe quem governará o país entre 2016 e 2021. A apuração está em sua fase final e avança lentamente, com uma estreita vantagem a favor do candidato de centro-direita Pedro Pablo Kuczynski. No entanto, por conta da margem apertada, a populista de direita Keiko Fujimori matematicamente ainda pode virar o jogo.
A contagem de votos não é um processo fácil. Confira abaixo os fatores que contribuem para o longo tempo de apuração dos votos peruanos.
Urnas em lugares distantes
Há uma pequena porcentagem de urnas que chega de províncias mais afastadas, e em alguns casos, nem sequer sai de seu lugar de origem, como as urnas que chegam de VRAEM, o vale da selva central do Peru, onde opera o narcotráfico e que também serve de refúgio para os remanescentes do grupo guerrilheiro Sendero Luminoso.
Uma parte de seu percurso é feito por via fluvial e são necessárias medidas de segurança para trazê-las a Lima.
Também falta chegar uma pequena porcentagem de urnas eleitorais do exterior, que são entregues em Lima pessoalmente pelos próprios cônsules.
100% dos votos
É provável que entre quarta e quinta-feira a apuração chegue a 100%. Mas isso é chamado pelo Escritório Nacional de Processos Eleitorais (ONPE) de urnas processadas. São todas as urnas que chegaram a seus escritórios em estado bruto. Esta contagem é de 99,5%, o mesmo que o chefe do ONPE, Mariano Cucho, informa à imprensa diariamente em seus boletins.
No entanto, o escritório mantém um cálculo paralelo denominado cédulas contabilizadas, que exclui aquelas nas quais há observações ou que foram impugnadas por estarem rasuradas, mal somadas ou mal assinadas. Esta contagem é de 98,5%.
Ou seja, existe cerca de 1% de cédulas contestadas que são enviadas a um tribunal eleitoral para revisão, um processo que não tem prazo, mas que se espera ser resolvido até o fim de semana.
Ganhador
No momento, há uma diferença de aproximadamente 42 mil votos entre Kuczynski e Fujimori e, segundo analistas, o mais provável é que continue dessa forma. Mas 1% das urnas vistas representa cerca de 200 mil votos.
Assim, matematicamente, Keiko poderia virar o jogo. Para que isso aconteça, ela teria que ganhar 70% dos votos que ainda serão contabilizados.
O ex-diretor do Instituto de Estatísticas do Peru, Farid Matuk, deu um exemplo dessa situação. "A atual seleção do Peru pode vencer a Alemanha por 7 a 3 no futebol? Não. Isso não vai acontecer. Matematicamente pode ocorrer, mas não vai".
Resultado
O vencedor será conhecido, com plena certeza, quando houver 100% das cédulas contabilizadas, ou seja, quando tiver o resultado de todas as urnas vistas.
A outra possibilidade é que antes de chegar à totalidade das cédulas contabilizadas, um dos candidatos alcance um resultado que não possa ser superado. Provavelmente a equipe vencedora fará o anúncio. Também é possível que o candidato derrotado reconheça que já não pode reverter o resultado. /AFP
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