Luciana Fadon Vicente
28 Setembro 2011 | 09h25
Não existem leis que proíbam as sauditas de dirigir ou punições previstas para esses casos, mas clérigos conservadores que dominam o país editaram fatwas (decretos islâmicos) nesse sentido. É com base nesses decretos que o governo não permite que as mulheres tirem carteira de habilitação. No entanto, muitas mulheres sauditas que viveram no exterior retornaram com carteiras internacionais.
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ESPECIAL: As punições da Lei Islâmica
A interpretação da sharia (lei islâmica) pelos sauditas wahabitas – seguidores da versão mais extremista do Islã – também proíbe à mulher viajar, trabalhar, casar-se ou divorciar-se, ser admitida em um hospital ou viver sozinha sem a permissão de um homem da família.
Vídeo divulgado em junho mostra saudita desafiando o governo ao dirigir
PARA LEMBRAR
Saudita é sentenciada a 10 chibatadas por dirigir
A Corte saudita sentenciou ontem uma mulher a dez chibatadas por dirigir. Shaima Jaistaina desafiou a proibição imposta às mulheres pelo governo. A decisão veio num momento de celebração para elas – no domingo, o rei Abdullah bin Abdulaziz al-Saud tinha anunciado que as mulheres poderão votar e se candidatar em eleições pela primeira vez desde que a monarquia se instalou no poder, há 88 anos.
Além de Shaima, outras dezenas de mulheres respondem na Justiça por dirigir automóveis e algumas delas passaram dias na cadeia. Essa, no entanto, é a primeira vez que uma delas é condenada. A informação foi transmitida pela ativista Samar Badawi e confirmada pela Anistia Internacional.
Em junho, Shaima, Samar e outras sauditas foram para as ruas à frente do volante e publicaram vídeos em redes sociais. As imagens ganharam o mundo em um período turbulento no mundo árabe – foi a primavera delas.