PARIS - A forma de caminhar do presidente russo Vladimir Putin, com o braço esquerdo oscilante e o direito quase imóvel, é uma consequência do treinamento de espião da KGB, e não um princípio de Parkinson, afirma um estudo publicado nesta terça-feira, 15, na revista British Medical Journal.
Trata-se do "passo do pistoleiro", diz a equipe de neurologistas de Portugal, Itália e Holanda, especializados nas perturbações de movimento, que estudou os casos de Putin, do primeiro-ministro Dmitri Medvedev e de outros três altos funcionários russos, que caminham todos de forma similar.
"Primeiro pensamos que era a doença de Parkinson", já que a oscilação assimétrica dos braços é um dos primeiros sintomas, explicam os médicos que estudaram dezenas de vídeos dos dirigentes russos.
No entanto, a hipótese foi rapidamente descartada em razão da ausência de outros sinais, como o tremor das mãos ou uma escassa coordenação dos membros.
Com base nas imagens, os médicos destacam a destreza de Putin, faixa preta de judô. Eles decidiram estudar outras hipóteses sobre esta forma de andar, modelada pela formação na KGB, o serviço secreto soviético, ou por um treinamento militar intensivo.
Os médicos mencionam um "manual de treinamento da KGB", que instrui que os espiões devem caminhar com a mão direita colada ao peito para poder pegar a arma em uma fração de segundos. "Encontramos outros exemplos de uma oscilação mínima de um braço vinculada ao manejo das armas: nos cowboys dos filmes do velho oeste", acrescenta o estudo.
A análise se soma ao debate sobre a forma de caminhar de Putin, explica Bastiaan Bloem, do centro universitário médico de Radboud na Holanda, que dirigiu a pesquisa. "É um estudo incomum, mas passa uma mensagem muito séria" em matéria de observação neurológica, disse Bloem.
"Sua forma de caminhar anormal já havia sido apontada. Nós avançamos, de forma muito prudente, em novas hipóteses", acrescentou. Teorias anteriores sugeriam um sofrimento fetal, um ataque cerebral, uma paralisia causada por um parto com fórceps ou sequelas de uma poliomielite. /AFP