Lados opostos na fronteira da Bulgária: solidários e 'caçadores de refugiados'
Imigrantes que chegam ao território búlgaro encontram pessoas dispostas a ajudá-los, mas também lidam com a presença de patrulhas civis que visam ‘caçá-los’
Por Redação Internacional
Atualização:
BELEVREN, BULGÁRIA - Os poucos refugiados que chegam à Europa cruzando a fronteira entre a Turquia e a Bulgária podem ter a sorte de serem recebidos por moradores solidários dispostos a ajudá-los ou notarem a presença de patrulhas civis que têm se dedicado a caçar os imigrantes.
Nas imediações de Belevren, uma aldeia entre florestas e colinas de difícil acesso onde só vivem oito pessoas, se aventuram grupos de entre 5 e 15 refugiados do Oriente Médio.
Refugiados são expulsos da Grécia e enviados à Turquia
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Refugiados são expulsos da Grécia e enviados à Turquia
A Grécia iniciou o processo de deportação dos refugiados que chegam às ilhas do país para a Turquia, iniciativa prevista no acordo firmado entre a Uni... Foto: AP Photo/Petros GiannakourisMais
Refugiados são expulsos da Grécia e enviados à Turquia
Mulher síria observa mar no Porto de Chios, na Grécia, onde dezenas de refugiados estão acampados Foto: AFP PHOTO / LOUISA GOULIAMAKI
Refugiados são expulsos da Grécia e enviados à Turquia
Crianças dormem no porto de Chios.A ONU denuncia o fato de que a Grécia possa ter deportado estrangeiros por engano Foto: AFP PHOTO / LOUISA GOULIAMAKI
Refugiados são expulsos da Grécia e enviados à Turquia
Refugiados aguardam distribuição de alimentos em um acampamento improvisado em Idomeni Foto: AFP PHOTO / BULENT KILIC
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Segundo Serviço de Asilo da Grécia,cerca de 3 mil pessoas aguardavam em campos de deportação nas ilhas gregas uma resposta sobre seus pedidos de asilo Foto: AFP PHOTO / BULENT KILIC
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Sob um acordo criticado por agências de refugiados e manifestantes de direitos humanos, a Turquia receberá todos os imigrantes e refugiados que entrar... Foto: REUTERS/Marko DjuricaMais
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O objetivo do acordo é desencorajar os imigrantes a fazer as travessias ilegais, muitas vezes realizadas em pequenos barcos, e quebrar o modelo comerc... Foto: AFP PHOTO / ARIS MESSINISMais
Refugiados são expulsos da Grécia e enviados à Turquia
Atualmente, 52 mil imigrantes estão na Grécia, aguardando para serem reassentados pela Europa Foto: AFP PHOTO / ARIS MESSINIS
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A polícia local acredita que cerca de 500 pessoas serão enviadas para o lado turco Foto: AFP PHOTO / ARIS MESSINIS
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Oficial da Guarda Costeira da Grécia guia refugiados e imigrantes no desembarque Foto: REUTERS/Giorgos Moutafis
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Diante da perspectiva da deportação, o número de pedidos de asilo aumentou recentemente Foto: AFP PHOTO / OZAN KOSE
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Desde a assinatura do acordo entre Turquia e UE, 6 mil pessoas desembarcaram nas ilhas gregas Foto: REUTERS/Giorgos Moutafis
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Pequena balsa turca transporta imigrantes deportados da Grécia para Turquia Foto: AFP PHOTO / OZAN KOSE
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Vários manifestantes expressaram apoio aos refugiados, com direito a uma faixa com frase "Turkey is not safe" ("Turquia não é segura") no terraço de u... Foto: AFP PHOTO / LOUISA GOULIAMAKIMais
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Ativistas alemães carregam faixa de apoio aos refugiados Foto: AFP PHOTO / OZAN KOSE
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Mulher caminha enquanto espera distribuição de alimentos em um campo improvisado de refugiados em Idomeni, na fronteira da Grécia Foto: AFP PHOTO / BULENT KILIC
Refugiados são expulsos da Grécia e enviados à Turquia
Conflito na Síria já deixou mais de 250 mil mortos e levou a um êxodo em massa de sírios para países vizinhos, sobretudo Turquia, Líbano e Jordânia Foto: AFP PHOTO / BULENT KILIC
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Alguns tiveram o azar de cruzar com Dink Valev, um praticante de artes marciais de 29 anos, que foi notícia na imprensa búlgara por ter detido e amarrado 16 sírios em março de 2015. Conhecido agora como "caçador de refugiados", ele defende seu direito de proteger a Bulgária contra o que considera "lixo".
"Não gosto de ter esse apelido porque estou no meu próprio país. Fui atacado e é normal atuar em defesa própria como eu fiz. Também quero defender minha pátria", disse Valev em entrevista na garagem de sua casa que fica na cidade de Yambol, a cerca de 60 km da fronteira.
Valev afirmou que encontrou um grupo de imigrantes, entre eles três mulheres e uma criança, e, após escapar da agressão de um deles, pediu da forma "mais educada possível" que ficassem quietos até a chegada dos policiais.
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"É um direito civil defender e proteger minha pátria de intrusos como esses sírios, iraquianos, paquistaneses e outros lixos", declarou o "caçador de imigrantes".
O Comitê Búlgaro de Helsinque, uma ONG de defesa dos direitos humanos, avalia a atitude de Valev de outra forma e o denunciou à Justiça por atacar e humilhar os refugiados sem motivos. O homem foi interrogado pela polícia, mas não foi preso.
De acordo com a ONG, Valev não esconde sua vontade de organizar patrulhas civis para deter os imigrantes que buscam asilo. A ideia que está ganhando cada vez mais adeptos.
"Valev semeia o medo entre os refugiados e incita a sociedade búlgara ao repúdio e à hostilidade contra as pessoas que buscam amparo", disse um dos porta-vozes da organização.
Mas nem todos os búlgaros apoiam a "caça aos imigrantes". "Sempre os ajudamos como podemos. Não temos medos deles, nem os odiamos. Somos os primeiros para os quais eles veem ao atravessar a fronteira da Bulgária e tentamos fazer com que recebam um tratamento humano", contou Petar Mitev, um morador da aldeia de Belevren.
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"Ficamos com pena em razão do estado deplorável no qual chegam. A maioria escapa da guerra e não há nada mais terrível do que uma guerra", lamentou Mitev, que cria gado na região e fornece água, comida e roupas aos imigrantes antes da chegada da polícia.
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"Não posso ficar indiferente, particularmente em relação às mulheres e crianças que vagam pela floresta sentindo frio e fome", completou Mitev. De acordo com ele, conforme avança a construção da cerca que o governo turco está erguendo na fronteira com a Turquia, diminui o número de refugiados que chegam ao país, especialmente vindos de Síria, Iraque e Afeganistão.
A Bulgária teme que o fechamento da chamada rota dos Bálcãs, imposto principalmente por Áustria e Eslovênia, provoque um desvio da onda de imigrantes rumo ao país. Por isso, o governo está acelerando a construção do muro, que terá uma extensão de 160 km, cinco vezes maior do que o planejado em 2013. /EFE