Foto do(a) blog

O blog da Internacional do Estadão

No Sri Lanka, velhos crimes contra alvos novos

Mahinda Rajapaksa, presidente do Sri Lanka (país que até 1972 era chamado Ceilão), mandou prender ontem seu maior rival, o general da reserva Sarath Fonseka, acusado de conspirar contra o governo.

PUBLICIDADE

Por Marcelo de Moraes
Atualização:

A medida é importante por três fatores. Primeiro, dá sinais de que o governo desta ilha - que é pouco maior que o Estado de Sergipe e, como o Brasil, já foi ocupada por portugueses, em 1505 - continuará usando a violência contra seus opositores. Em segundo lugar, mostra o que todas as organizações de direitos humanos dizem há muito tempo: crimes de guerra não punidos criam ambiente favorável para violações futuras, numa espiral de consequências trágicas. Por último, mostra o quanto a comunidade internacional tem poder limitado quando se trata de impedir desmandos de governos autoritários.

Ao contrário do que possa parecer, Rajapaksa e Fonseka foram grandes aliados até novembro, quando concorreram à presidência por partidos opostos. Os dois lideraram, ao longo de 2009, um verdadeiro massacre contra membros da etnia tâmil, minoritária no país, sob o pretexto de aniquilar com uma das guerrilhas mais antigas da Ásia, os Tigres para a Libertação do Eelam-Tâmil (LTTE, na sigla em inglês). Ambos são acusados de crimes de guerra, mas nenhum dos dois foi punido. Com os olhos e as armas voltadas agora para seu ex-aliado, Rajapaksa mostrará mais uma vez até onde pode chegar para silenciar quem se opõe aos seus planos.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.