Lembre o caso:
Em 2011, o governo brasileiro aceitou o pedido de refúgio feito pelo juiz boliviano Luis Tapia Pachi, que também fugiu da Bolívia - em julho de 2010 - alegando perseguição política após envolvimento no mesmo caso.
Pachi atuava na investigação do suposto complô da oposição boliviana para matar o presidente e disse que passou a ser perseguido e sofrer ameaças de morte por não aceitar a mudança de jurisdição do caso de Santa Cruz de La Sierra para a capital do país, La Paz.
Em abril de 2009, durante as investigações sobre a denúncia de complô, a polícia boliviana invadiu um quarto do Hotel Las Américas, em Santa Cruz de La Sierra, e matou três estrangeiros - Eduardo Rózsa, de nacionalidade boliviana, croata e húngara; Arpád Magyarosi, húngaro-croata, e o irlandês Michel Dwyer - considerados mercenários contratados para matar Morales.
Dias depois da ação policial, a promotoria acusou o ex-presidente do Comitê Cívico Pró-Santa Cruz Branko Marinkovic e o governador de Departamento de Santa Cruz Rubén Costas de dar apoio logístico e financeiro ao grupo.
O governo afirmava ter se tratado de uma operação bem sucedida, que evitou o atentado contra Morales, mas opositores diziam que a polícia havia executado os três homens. Pachi acreditava que havia ocorrido um "exagero na ação dos policiais". Ficou clara a atuação criminosa da polícia boliviana. Os soldados fortemente armados entraram no quarto do hotel e mataram os três quando estavam dormindo. Não houve a mínima chance de defesa para as vítimas", disse na ocasião.
"Quando estava num estágio avançado do processo, tudo apontava para um desastroso equívoco do governo Evo. Mas a Suprema Corte transferiu o caso para La Paz, colocando-o sob a responsabilidade do juiz Marcelo Soza. Ora, eu já tinha ouvido pelo menos 30 testemunhas que depuseram contra o governo e não aceitei a transferência de jurisdição. Fui intimado para dar explicações ao Ministério Público, mas não fui por uma questão de hierarquia. Sou um juiz e não tenho de responder a promotores", afirmou Pachi na época.
Soza era promotor de Justiça de La Paz e se tornou o novo responsável pelo caso. Ele ameaçou pedir a prisão internacional de Pachi, dizendo que ele apareceu em imagens ao lado do ex-líder da União Juvenil Crucenhista David Sejas, também refugiado no Brasil e acusado de envolvimento no complô contra Evo.