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O desconhecido Guantánamo cingalês

Por Marcelo de Moraes
Atualização:

A ONG de direitos humanos Human Rights Watch chamou ontem o presidente do Sri Lanka, Mahinda Rajapaksa, a acabar com o impasse sobre a situação de 11 mil membros da etnia tâmil presos na ilha desde abril, sem qualquer acusação formal. O limbo jurídico dos tâmeis é o mesmo que predominou na base militar americana de Guantánamo, onde ainda são mantidos combatentes islâmicos vinculados ao que Washington chamou até janeiro de 'guerra ao terror'.

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Os prisioneiros tâmeis foram capturados há quase dez meses, suspeitos de fazer parte de uma das mais antigas e sanguinárias guerrilhas asiáticas, os Tigres de Libertação do Eelam-Tâmil (LTTE, na silga em inglês), apontada como a precursora no uso de homens-bomba. Mas, até agora, o governo não foi capaz de dizer quais destes 11 mil detidos eram efetivamente guerrilheiros e quais deles simplesmente pertenciam a enita tâmil, que compõe 18% da população do Sri Lanka e sofre, desde o século 19, com a perseguição política, cultural e religiosa dos cingaleses, membros da etnia majoritária, que controla o governo.

"Mais de 11 mil pessoas estão nesse limbo jurídico há meses", criticou o diretor para Ásia da Human Rights Watch, Brad Adams. "É hora de identificar quem apresenta uma ameaça genuína à segurança e libertar o restante", disse. Os prisioneiros tem sido mantidos incomunicáveis com seus familiares e advogados.

Nenhum dos dois concorrentes à presidência nas eleições de terça-feira - o atual presidente Mahinda Rajapaksa e o ex-chefe das Forças Armadas Sarath Fonseka - discutiu direitos humanos durante a campanha. A dupla comandou um verdadeiro massacre contra os guerrilheiros tâmeis no ano passado. Desde 1976, mais de 70 mil pessoas perderam a vida nessa guerra civil.

A vitória de Rajapaksa - com 17% sobre Fonseka - pode significar não somente a cotinuidade da perseguição aos tâmeis, mas também o fim da oposição política. Ontem, Fonseka acusou o presidente de perseguir seus aliados e questionou o resultado das eleições. Depois de anunciado o resultado oficial da votação, Rajapaksa mandou o Exército cercar o hotel onde Fonseka estava hospedado, na capital, Colombo, numa tentativa de intimidar os opositores.

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