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Operação Condor possibilita que bebês roubados sejam enviados para outros países

Por Fernanda Simas

Por redacaointer
Atualização:

Durante a ditadura militar argentina (1976-1983) bebês foram roubados de seus pais - perseguidos políticos - e muitos, inclusive, adotados por famílias de militares. Até hoje, diversas avós procuram por seus netos. De acordo com o grupo de defesa dos direitos humanos Abuelas de Plaza de Mayo (Avós da Praça de Maio), cerca de 500 crianças foram roubadas na época e apenas 105 foram recuperadas até hoje.

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Em muitos casos, como exitia a Operação Condor, as crianças eram roubadas na Argentina e enviadas a outros países ou vice-versa. É o caso da peruana Carla Rutilo Artés, enviada a um orfanato, em 1976, após ter os pais - Graciela Artés, argentina e Enrique Joaquín Lucas, uruguaio - presos na Bolívia.

Meses depois, no entanto, ela e a mãe foram enviadas, clandestinamente, para a Argentina, onde ficaram presas. Carla então foi roubada pelo torturador Alfredo Ruffo e passou a viver como filha dele. Em dezembro de 1977, a Anistia Internacional enviou uma carta ao então presidente da Argentina, general Jorge Rafael Videla, pedindo a imediata soltura das duas, o que não ocorreu.

Apenas em 1985, com a volta da democracia, o grupo Abuelas de Plaza de Mayo conseguiu publicar uma foto de Carla com 8 meses, entregue por sua avó materna, Sacha. Ligações anônimas informaram onde a menina estava morando. No dia 24 de agosto de 1985, Ruffo foi preso e Carla, com 9 anos, devolvida à avó. Graciela continua desaparecida.

Veja imagem de Carla Artés divulgada:

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Foto: Reprodução/Grupo Clamor/Arquivo CEDIC-PUC-SP

Outro caso foi o de Mariana Zaffaroni Islas. Sua avó, Martha, procurou por seis anos, quando teve a primeira pista do paradeiro da neta. Em entrevista ao Estado, publicada em 1983, um oficial das Forças Armadas da Argentina citou o caso de uma menina roubada dos pais uruguaios.

Ela começou as bucas e encontrou a menina morando com Miguel Angel Furci, fiuncionário da Secretaria de Informação do Estado (SIDE). No entanto, Mariana foi criada acreditando que tinha sido abandonada pelos pais, terroristas. Ela não aceitou a verdadeira identidade até a década de 2000, quando a própria filha nasceu.

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