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Os 5 desafios do próximo presidente do Chile

Da reforma do sistema de educação até a disputa marítima com a Bolívia, entre outros problemas, próximo presidente chileno terá grandes desafios quando assumir o Palácio de La Moneda, em março de 2018

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Por Redação Internacional
Atualização:

SANTIAGO - Reformar o sistema de educação, o conflito mapuche, as reformas dos sistemas de saúde e de pensões, além da questão do casamento igualitário e da disputa marítima com a Bolívia, em Haia, são alguns dos desafios que aguardam o próximo presidente do Chile.

Direita chega como favorita para eleições presidenciais no Chile

O ex-presidente Sebastián Piñera é o favorito para vencer a votação de domingo, apesar de as mais recentes pesquisas indicarem que ele não conseguirá evitar a realização de um segundo turno. Saiba mais sobre as principais questões que o sucessor de Michelle Bachelet terá de enfrentar a partir de 11 de março:

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o Reforma educacional Bachelet deixará em estágio avançado boa parte da ambiciosa reforma da educação prometida no início de seu governo. A iniciativa permitirá que cerca de 280.000 jovens tenham acesso gratuito ao ensino superior no país. No entanto, a lei que estabelece a gratuidade universal de forma permanente ainda está em discussão no Congresso.

Piñera anunciou que se for reeleito manteria a gratuidade para 60% dos estudantes, focando nos com menos recursos, mas impondo algumas condições. Ele também manifestou sua intenção de criar um mecanismo para que os pais possam contribuir financeiramente com a educação de seus filhos em escolas que recebem fundos do Estado.

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Os grêmios estudantis, que por anos protestaram nas ruas contra as reformas do sistema educacional, alegam que as mudanças introduzias por Bachelet não suficientes.

o Conflito Mapuche Centenas de caminhões e máquinas florestais foram incendiados nos últimos anos no sul do Chile, onde templos religiosos também foram atacados em meio a uma campanha para a restituição do território que as comunidades indígenas mapuches consideram suas por direitos ancestrais.

O conflito se concentra nas regiões sulistas de La Araucanía e Biobío, onde vivem a maioria dos 700.000 mapuches contabilizados entre os 17 milhões de habitantes do país, com níveis de pobreza que são o dobro do restante da população.

Grupos radicais, como a Coordinadora Arauco-Malleco reivindicam ações de resistência para a recuperação de terras hoje em mãos de empresas florestais. Em razão destes ataques, dezenas de mapuches foram detidos e julgados pela lei antiterrorismo em vigor no Chile, que endurece as penas, o que fez a Anistia Internacional criticar o Estado chileno.

o Saúde e pensões Com um gasto em saúde por família em 32%, superior à média dos países da OCDE (20%), o Chile tem um dos mais caros programa de atenção médica do mundo.

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Cerca de 80% da população recorre ao sistema público, criticado pelas longas listas de espera e pela falta de médicos, principalmente nas regiões mais distantes do país.

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Outra questão atualmente em debate é o sistema de pensões herdado da ditadura de Augusto Pinochet, pioneiro ao criar um sistema de capitalização absolutamente individual que hoje, quase quatro décadas depois, paga valores baixíssimos para os aposentados.

Bachelet enviou ao Congresso um projeto de lei que pela primeira vez introduz uma contrapartida de 5% para as empresas. Desta forma, a ideia é melhorar em 20% o valor das pensões, que atualmente pagam em média 241.000 pesos (R$ 1.253).

o Casamento igualitárioDepois de aprovar a lei do aborto terapêutico e um acordo de União Civil para pessoas do mesmo sexo, Bachelet enviou ao Congresso um projeto para estabelecer o casamento igualitário, com a possibilidade de adoção para casais gay. Piñera já anunciou ser contra a iniciativa, em sintonia com protestos dos setores mais conservadores da sociedade chilena.

o Demanda boliviana O Chile ainda não conseguiu resolver a questão da disputa marítima com a Bolívia, que perdeu seu acesso ao mar depois de uma guerra no fim do século 19.

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O próximo presidente chileno enfrentará o fim da fase oral da demanda apresentada por La Paz na Corte Internacional de Justiça, em Haia, que deve emitir um veredicto antes de 2020.

O Chile também apresentou uma demanda contra a Bolívia na mesma Corte pelo uso das águas do Rio Silala na região norte do país - explorada pela atividade de mineradoras. / AFP

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